A "Pílula do Câncer" na TV : um estudo das reportagens sobre o caso da fosfoetanolamina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Alvaro, Marcela Vitor
Orientador(a): Ramalho, Marina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/45883
Resumo: Recentemente, no Brasil, cidadãos e grande parte da comunidade científica brasileira estiveram em polos opostos nas discussões sobre o uso de uma substância produzida na USP para o tratamento de câncer. Em 2015, o composto chamado fosfoetanolamina sintética ganhou manchetes nos noticiários nacionais como \201CA cura do câncer\201D ou \201CPílula do câncer\201D. Pacientes, familiares, juristas, governantes e cientistas passaram a debater sobre o uso da substância, anunciada por alguns como esperança para os pacientes com câncer, mesmo sem ter passado por testes clínicos nem contar com registro da Anvisa. Nossos objetivos neste trabalho foram caracterizar e analisar a cobertura televisiva do caso fosfoetanolamina sintética, realizada pelas três principais emissoras brasileiras de TV aberta: Rede Globo, Record TV e SBT. Por meio de uma análise de conteúdo quantitativa, traçamos um panorama das principais características des-sas reportagens. Foram analisados 64 vídeos de 14 programas distintos das três emissoras, totalizando uma amostra de 5h e 12 minutos. Os principais enfoques explorados pelas emissoras foram o político/jurídico, científico e o drama do paciente. Embora imagens de cientistas tenham sido veiculadas em maior número em relação às de pacientes (235 e 142 vezes, respectivamente), apenas 22 cientistas foram entrevistados, em contraste aos 75 pacientes entrevistados. Enquanto os cientistas apareceram majoritariamente em laboratórios, os pacientes foram mais retratados em suas casas e hospitais. Quanto às fontes de informação mencionadas nas matérias, verificamos que as principais esferas envolvidas na polêmica \2013 pacientes, médicos, cientistas e poder público \2013 foram as fontes mais citadas na amostra. Diferenças e similaridades emergem entre a cobertura das três emissoras: todas retrataram aspectos controversos do caso; porém, enquanto Record e SBT tomam a experiência e testemunho dos pacientes como ponto focal do caso, a Globo desloca os holofotes para o lado racional, centrado nas evidências científicas e nos alertas dos médicos e associações médicas. Além disso, a maioria das matérias da Rede Globo menciona apenas argumentos contra o uso da fosfoetanolamina, enquanto, nas outras emissoras, a tendência é apontar paralelamente argumentos contra e a favor.