Perfil nutricional após tratamento e cura clínica de leishmaniose mucosa, tuberculose laríngea ou de paracoccidioidomicose

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Costa, Camila Senceite
Orientador(a): Rosalino, Cláudia Maria Valete, Pacheco, Raquel da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48650
Resumo: INTRODUÇÃO: Na leishmaniose mucosa (LM), tuberculose laríngea (TBL) e paracoccidioidomicose (PCM), lesões ativas e residuais em vias aéreas e digestivas superiores (VADS) podem afetar a deglutição e o estado nutricional, entretanto, sua ocorrência é pouco descrita na literatura, principalmente nos casos de pacientes após finalização do tratamento. OBJETIVO: Descrever o perfil nutricional após o tratamento e cura clínica de LM, TBL e PCM. MÉTODO: Estudo transversal realizado no período de março de 2016 a dezembro de 2017 no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas \2013 INI/FIOCRUZ, com trinta e nove pacientes elegíveis. Todos passaram por avaliação nutricional composta por dados socioeconômicos, clínico-nutricionais, antropométricos (peso, estatura, circunferência do braço - CB, dobra cutânea triciptal - DCT e circunferência muscular do braço - CMB), bioquímicos (albumina e transferrina) e dietéticos (recordatório de 24 horas). Foram analisadas as frequências simples das variáveis categóricas, as medidas de tendência central e dispersão das variáveis contínuas, a normalidade das variáveis contínuas (teste de Shapiro-Wilk), as proporções das variáveis categóricas (teste qui-quadrado), as médias das variáveis contínuas paramétricas (teste t de Student) e as medianas das não-paramétricas (teste de Mann-Whitney). P valores < 0,05 foram considerados significativos. RESULTADOS: Dos 39 pacientes, 79,5% eram homens, com média de idade de 59,2 anos\F0B116,3DP, 20,5% tabagistas, 35,9% relataram consumo de bebida alcoólica em anamnese, 28,2 % hipertensos, 28,2% de LM, 46,2% TBL e 25,6% PCM. A maioria (79,5%) exibiu pelo menos um compartimento comprometido. A retenção de alimentos ou resíduos na cavidade oral (28,2%) foi a intercorrência da deglutição mais frequente. Foi observada ingestão insuficiente dos nutrientes: selênio (97,4%), vitamina C (71,8%), vitamina A (69,2%), zinco (56,4%), proteína (28,2%) e carboidrato (12,8%). Os idosos apresentaram maior frequência de insuficiência protéica (45% vs 10%; p=0,017) e menor frequência de pelo menos um compartimento comprometido (65,0% vs 94,7%; p=0,044), comparados aos adultos. O tabagismo foi associado à desnutrição avaliada por CB e CMB (p=0,006 e 0,045, respectivamente), aos menores valores de IMC (p=0,048) e DCT (p=0,023) e à uma maior ingestão de lipídios (p=0,030) quando comparados aos não-tabagistas. O consumo de bebida alcoólica foi associado à depleção de transferrina (p=0,034), à desnutrição avaliada por DCT (p=0,030) e à baixa ingestão de zinco (p=0,016). PCM foi o grupo que apresentou o pior estado nutricional com maior frequência de desnutrição avaliada por CB (p=0,002) e CMB (p=0,030), e de pelo menos um compartimento comprometido em todos os pacientes (p=0,035) quando comparado ao grupo da LM. O grupo de TB apresentou uma maior frequência de depleção de transferrina que o grupo de LM (p=0,04). CONCLUSÃO: Pacientes de TBL e PCM necessitam de avaliação e cuidado nutricional mesmo após o tratamento e cura clínica, visto que, o estado nutricional permanece debilitado após o tratamento. A manutenção da desnutrição após tratamento e cura clínica destas lesões pode favorecer à recidiva das lesões e/ou mesmo surgimento de outras doenças infecciosas.