Caracterização de biomarcadores imunológicos em pacientes portadores de Leishmaniose cutânea da comunidade indígena Xakriabá, Minas Gerais, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Costa e Silva, Matheus Fernandes
Orientador(a): Carvalho, Andréa Teixeira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/7619
Resumo: A leishmaniose cutânea (LC) é uma doença inflamatória crônica causada por espécies dermotrópicas pertencentes aos subgêneros Viannia e Leishmania, sendo a L. (V.) braziliensis o principal agente etiológico no Brasil. O estabelecimento e evolução das lesões causadas pela infecção por L. (V.) braziliensis são altamente dependentes da imunidade celular, contudo um estudo que avalia o impacto da interação parasito-monócitos no perfil de resposta imune associado ao estabelecimento/manutenção da infecção em humanos ainda não foi realizado. Nesse contexto, o objetivo do trabalho foi caracterizar biomarcadores imunológicos, no sangue periférico e no infiltrado inflamatório de lesões cutâneas, em indígenas da comunidade Xakriabá portadores de LC (grupo LC) e com teste de Montenegro positivo sem lesão (grupo TM + sL), com intuito de melhor compreender os mecanismos imunológicos envolvidos na progressão dessa patologia, bem como dos eventos associados à resistência à infecção. A análise dos resultados mostrou que pacientes do grupo LC apresentaram menor capacidade em internalizar formas promastigotas vivas de L. (V.) braziliensis em relação ao grupo TM + sL. Além disso, observou-se que pacientes do grupo LC apresentaram perfil ativado, principalmente pelo maior percentual/Índice de Estimulação (IE) da molécula de ativação CD23, com produção de altos níveis de TNF-, provenientes de monócitos que não fagocitaram e fagocitaram formas promastigotas de L. (V.) braziliensis. Contudo, os níveis de TNF- correlacionaram de forma negativa com a produção de NO, sugerindo que essa citocina estaria muito mais associada ao desenvolvimento das lesões do que controle da doença. Por outro lado, pacientes do grupo TM + sL apresentaram maior equilíbrio entre a produção de citocinas inflamatórias (IL-12, IFN-, IL-17) e moduladoras (IL-10, IL-4) e sintetizaram maiores níveis de NO, indicando que esse perfil de resposta imune balanceada e efetora poderia combater a infecção sem provocar dano tecidual. A análise do perfil fenotípico-funcional de monócitos e linfócitos T CD4 + e CD8 + circulantes e de citocinas e quimiocinas no infiltrado inflamatório das lesões mostrou que o tempo de evolução da lesão teve grande influência no perfil de resposta imune dos pacientes do grupo LC. Nesse contexto, observou-se que monócitos e linfócitos T CD4 + e CD8 + circulantes de pacientes do grupo lesão recente apresentaram menor IE das moléculas de ativação CD23 e co-estimulação CD80, acompanhado pela menor produção das citocinas inflamatórias (TNF-, IL-17) e moduladoras (IL-10, TGF- e IL-4) em relação ao grupo lesão tardia. Por outro lado, observou-se que esses pacientes apresentaram maior capacidade fagocítica juntamente com maior IE de monócitos expressando os receptores CD16, TLR-2 e TLR-4 e produção de NO. A análise da resposta imune localizada mostrou que pacientes do grupo lesão recente apresentaram maiores níveis de transcritos de IL12B, IFNG, TNF, IL10, TGFB1, IL4, CCL2, CCL3, CCL5 e CXCL10, bem como maior carga parasitária em relação ao grupo lesão tardia. Os resultados obtidos no presente estudo forneceram informações importantes sobre a infecção causada pela L. (V.) braziliensis, permitindo a identificação e proposição de potenciais biomarcadores associados à resistência à LC (IL-12, IL-17 e NO) e ao desenvolvimento e manutenção da lesão (TNF-α). Além disso, esse foi o primeiro estudo que avaliou aspectos imunológicos da LC em uma população indígena brasileira.