Infecção oculta pelo Vírus da Hepatite B em pacientes com tuberculose: prevalência e implicações clínicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Pereira, Carolina Trigo
Orientador(a): Brasil, Pedro Emmanuel Alvarenga Americano do, Castro, Liane de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/25383
Resumo: A infecção oculta pelo vírus da hepatite B (OBI na sigla em inglês) é caracterizada pela persistência do genoma do vírus (HBV- DNA) no tecido hepático e/ou sangue de pacientes com sorologia negativa para o antígeno de superfície (HBsAg). Isto pode ocorrer após a resolução de uma infecção aguda ou após longo tempo na infecção crônica, sendo o anticorpo contra o core viral (anti-HBc) considerado um marcador sentinela para a OBI. Mais de 20% dos pacientes com história pregressa de infecção pelo HBV (vírus da hepatite B) não apresentam marcadores sorológicos, tornando o HBV-DNA o único marcador da infecção. Diversas implicações clínicas estão associadas à OBI; transmissibilidade, reativação viral em indivíduos imunocomprometidos e, o desenvolvimento de doenças crônicas do fígado. No Brasil e no mundo poucos estudos analisam a prevalência da OBI e suas implicações clínicas em pacientes com tuberculose (TB). Tem-se registro de apenas um estudo no Brasil que descreve uma prevalência de 14.4% de OBI nesses pacientes, porém não analisam seus possíveis impactos clínicos. Geralmente o tratamento da TB é eficaz e seguro, entretanto, a hepatotoxicidade induzida por drogas anti-TB é um dos mais graves eventos adversos. Esse evento pode levar a interrupção ou o abandono do tratamento, contribuindo para o aumento da resistência adquirida, falência do tratamento, aumento do número de casos de tuberculose e, até mesmo o número de óbitos. Vários estudos associam a infecção ativa pelo HBV ao desenvolvimento da hepatotoxicidade. Nesse sentido, é possível que a OBI também esteja associada à hepatotoxicidade Este estudo teve como objetivo investigar a prevalência da OBI em pacientes sob tratamento para tuberculose co-infectados ou não pelo HIV e, analisar a OBI como possível preditor da hepatotoxicidade. Este foi um estudo prospectivo com 100 pacientes que receberam tratamento para TB no período de 2008 a 2015, no INI, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil. A OBI foi caracterizada pela detecção do HBV-DNA através da técnica da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) em pacientes positivo para o marcador anti-HBc acompanhado ou não pelo anti-HBs. Dados laboratoriais, clínicos e demográficos foram obtidos a partir dos prontuários clínicos e armazenados em banco de dados. Os resultados mostraram uma prevalência de 12.0% de OBI, quase metade (41.7%) desses pacientes apresentavam sorologia positiva para o anti-HBc e anti-HBs. Entre os pacientes com OBI co-infectados pelo HIV (75.0%), a baixa contagem de células CD4+ (\2264 50 células/\03BCl) foi significativa (p=0.036), sugerindo ser indicador de OBI. A taxa de hepatotoxicidade foi de 41.0%. Através da regressão de Cox, a OBI (HR 2.98, 95% IC 1.30-6.86) foi identificada como o preditor mais forte para hepatotoxicidade quando ajustada para células CD4+ (HR 0.38, 95% IC 0.17-0.90); ALT antes do tratamento para TB (HR 1.37, 95% IC 0.81-2.32) e, forma clínica da TB (HR 2.91, 95% IC 1.75-7.21). A elevada prevalência de OBI e a associação com a hepatotoxicidade em pacientes com TB aponta a importância do rastreamento do HBV-DNA como uma estratégia para o monitoramento da hepatotoxicidade além de outras implicações clínicas associadas à OBI, contribuindo para redução da morbidade e mortalidade