A adesão ao tratamento antiretroviral durante a gestação e após o parto em mulheres acompanhadas no Hospital Geral de Nova Iguaçu

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Gameiro, Eliete Reis da Cruz
Orientador(a): Pilotto, José Henrique, Illarramendi Rojas, Ximena
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/23342
Resumo: Introdução: Nos últimos 20 anos houve importante redução nas taxas de transmissão mãe- filho do vírus da imunodeficiência humana (HIV). Desde 1994, após a implementação do protocolo Pediatric AIDS Clinical Trials Groups 076 (PACTG), que mostrou a eficácia do uso da zidovudina profilática na prevenção da transmissão mãe-filho do HIV, tem sido observada uma redução deste tipo de transmissão de 25% para 8%. A adesão à terapia antiretroviral (TARV) é crucial para otimizar sua eficácia e prevenir a transmissão pois permite a redução da carga viral para níveis indetectáveis. Objetivo: Avaliar a adesão da terapia antiretroviral durante a gestação em comparação com o período após o parto em mulheres portadoras de vírus da imunodeficiência humana. Metodologia: Foi realizado estudo descritivo observacional longitudinal em duas direções, em mulheres portadoras de infecção pelo HIV virgens de TARV, em acompanhamento no ambulatório de pré-natal do Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI). Foram analisadas as entrevistas de duas coortes, uma retrospectiva, acompanhada entre 2012 e 2014, e uma prospectiva entrevistada entre janeiro e setembro de 2015. Para medir a adesão foi utilizado o questionário de qualidade de vida, adesão e recursos (QLW0138), do grupo de ensaios clínicos em AIDS do National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID). Foram avaliadas a adesão recente (uso de TARV até 1 semana anterior à entrevista) e estendida (2 meses anteriores à entrevista) na gestação e no puerpério. Resultados. Em relação às 34 mulheres avaliadas na coorte retrospectiva, foram na sua maioria jovens (idade média de 27±6.6 anos), multíparas (44% tinha acima de 3 filhos), estavam desempregadas (68%) e 84% não tinham informado ao companheiro o diagnóstico de portadora do HIV. A adesão recente à TARV foi melhor durante após o parto do que na gestação (94% e 88%, respectivamente), mas a adesão estendida foi menor na gestação (35% 2 34 %, respectivamente). Entre os motivos de não adesão, os mais frequentes foram náusea, estigma e constrangimento. Um total de 59% das gestantes relatou ter ido à emergência e 86% relatou necessidade de hospitalização. A coorte prospectiva, tinha média de 27±7 anos de idade, 73% era multípara, 63% estava desempregada e 51% tinha contado ao parceiro sobre seu diagnóstico. A maioria (70%) procurou tardiamente o atendimento pré-natal, isto é, no terceiro trimestre de gestação. A adesão às doses da TARV, tanto recente, foi melhor (83%) no puerpério do que na gestação (79%). Dificuldades devidas à posologia, estigma e cansaço foram os principais motivos de não adesão nas gestantes, enquanto no puerpério, relataram estigma, atividades domésticas (atarefadas e cuidados com os filhos) e a posologia como motivos de não adesão. Em relação à qualidade de vida, embora uma elevada proporção das gestantes referiu mais do que uma ida à emergência (46%) e vários dias acamada (45%), poucas referiram hospitalização (13%). A pesar da baixa adesão à TARV, observou-se aumento de linfócitos T CD4+ redução da carga viral plasmática após o parto nas duas coortes. Conclusão: O atendimento por equipe multidisciplinar pode reverter as barreiras de não adesão e assim contribuir para a redução da transmissão mãe-filho.