Saúde e cuidado como produção de vida: para descolonizar e corazonar a Saúde Coletiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Aguiar, Ada Cristina Pontes
Orientador(a): Porto, Marcelo Firpo de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/59872
Resumo: O trabalho consiste em um ensaio crítico, conceitual e epistemológico, em diálogo inspirado pela arte e poesia, para desenvolver uma reflexão em torno da transição paradigmática do campo da saúde coletiva. Inicialmente, apresenta uma breve trajetória da saúde coletiva, inserida nos desafios atuais civilizatórios e planetários, em diálogo com áreas internas a ela, como a ‘saúde da trabalhadora e do trabalhador’, a ‘saúde e ambiente’ e as ‘práticas integrativas e complementares em saúde’ (PICs); e com uma abordagem crítica externa a ela, a ecologia política. Elege como principais marcos teóricos para subsidiarem as mediações conceituais do trabalho o pensamento decolonial da América Latina, as epistemologias do Sul, os feminismos descoloniais e o ecofeminismo. São convidados para serem interlocutores orgânicos do trabalho o pensador quilombola Nego Bispo e o pensador indígena Ailton Krenak, que integram os diálogos de saberes com as epistemologias do Sul, com o intuito de serem propostos caminhos para descolonizar e corazonar a saúde coletiva; e com o pensamento ecofeminista, para subsidiar a saúde coletiva no processo de ampliação dos cuidados em saúde, de forma a incorporar a perspectiva dos cuidados integrais com as vidas às construções conceituais desse campo. A proposta integrada e integradora que emerge é inspirada pelo pensamento artesanal feminista, o qual procura visibilizar os conhecimentos historicamente desconsiderados e valorizar as experiências comumente desperdiçadas, conectando radicalmente ser, sentir, pensar e fazer nos projetos vinculados à produção de vida. Conclui-se sintetizando as principais contribuições que os diálogos de saberes e interculturais realizados no percurso da tese podem oferecer à transição paradigmática da saúde coletiva, sendo elas: o reconhecimento dos seres humanos como integrantes da natureza, superando a visão moderna que fragmenta e desconecta o ser humano dos demais componentes da natureza, das outras espécies e do feminino; a necessária descolonização da saúde coletiva, inclusive dos setores críticos que fazem parte desse campo, por meio da crítica ao colonialismo e à incorporação das epistemologias do Sul; a importância de corazonar os sujeitos e a práxis da saúde coletiva, rompendo com a rigidez logocêntrica que embota os afetos perpetuada pela racionalidade científica moderna; e fortalecer as aproximações virtuosas entre os cuidados em saúde e os cuidados integrais com as vidas, para ampliar as perspectivas de saúde, vida e cuidado desse campo. A realização deste ensaio permitiu conectar a reflexividade crítica da autora a um exercício potente de liberdade perpassado pela busca de conhecimentos e autoconhecimentos, para sintonizá-la com a proposta de transição paradigmática da saúde coletiva.