Ecoepidemiologia e Controle da Leishmaniose Visceral no município de Belo Horizonte (Minas Gerais, Brasil)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva, Fabiana de Oliveira Lara e
Orientador(a): Dias, Edelberto Santos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/12303
Resumo: Este estudo foi realizado em Belo Horizonte (Minas Gerais, Brasil), área endêmica para Leishmaniose visceral (LV), onde a doença vem se expandindo rapidamente, com 1.612 casos registrados nos últimos 10 anos. Nossa pesquisa avaliou o perfil epidemiológico em duas Áreas de abrangência (AA) dos Centros de Saúde (CS) Miramar e Salgado Filho do município de Belo Horizonte, com transmissão recente de LV, buscando compreender a tríade envolvida na transmissão: parasito-vetor-reservatório. Cada AA foi dividida em três trechos, controle, borrifação e manejo, a fim de avaliar o impacto das medidas de controle no número mensal de Lutzomyia longipalpis, através da curva flebotomínica. Em todos os trechos a captura de flebotomíneos e o inquérito canino censitário foram realizados. Durante 24 meses (setembro/2010 a agosto/2012) foram capturados 5194 flebotomíneos, distribuídos em 6 espécies, sendo Lu. longipalpis, vetora da LV, a espécie predominante (96,54%). Houve uma correlação entre a precipitação pluviométrica e o número de Lu. longipalpis capturados, mostrando que o número de espécimes de flebotomíneos capturados aumentou após o período chuvoso. Através do uso da Leishmania Nested PCR e sequenciamento, foram analisados 93 “pools” espécie-específicos. Leishmania infantum e Le. braziliensis foram encontradas em 23 e em 2 dos 26 “pools” de Lu. longipalpis, respectivamente. O DNA de Le. infantum foi encontrado em um “pool” de cada uma das espécies Lu. lloydi e complexo cortelezzii. A taxa mínima de infecção natural de flebotomíneos na área foi alta, 18,8% para Lu. Longipalpis, 20% para complexo cortelezzii e 100% para Lu. lloydi. Em relação às medidas de controle, observamos uma redução estatisticamente significativa no número de flebotomíneos no trecho manejo ambiental, enquanto houve apenas uma tendência de queda no número de flebotomíneos no trecho borrifação. Em relação ao reservatório doméstico, um total de 1408 cães foram examinados em 2011 através de testes sorológicos; 3,6% apresentaram-se soropositivos para LV canina (LVC). Biópsias de linfonodo, pele, baço e aspirado de medula óssea destes animais foram obtidos e analisados através do diagnóstico parasitológico e molecular. A positividade tanto para mielocultura como para o técnica de aposição em lâmina foi de 72.5%. Todas as amostras de baço mostraram-se positivas para LnPCR, indicando a presença de Le. infantum nas 51 amostras. O linfonodo foi o tecido menos sensível na PCR (57%) em relação aos demais. Cães sintomáticos demonstraram uma tendência a ter mais testes positivos. Nossos resultados mostram que as interfaces parasito-vetor e parasitoreservatório são ativas em áreas de médio risco para transmissão de LV, e que ações eficazes e rápidas devem ser implementadas para controlar a expansão da doença.