Conhecimento e práticas dos profissionais de saúde das maternidades públicas de Teresina, Piauí, no manejo da sífilis na gestação e congênita

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Santos, Raquel Rodrigues dos
Orientador(a): Bastos, Francisco Inácio Pinkusfeld Monteiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24313
Resumo: A eliminação da sífilis congênita é uma prioridade de saúde pública no Brasil e no mundo, o que fez com que a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e o Ministério da Saúde (MS) brasileiro adotassem a meta de até 0,5 casos para cada 1.000 nascidos vivos. No entanto, a cidade de Teresina apresentou uma taxa de incidência de sífilis congênita de 7,0‰ no ano de 2014. O objetivo deste estudo é avaliar os conhecimentos e práticas dos profissionais de saúde atuantes nas maternidades públicas de Teresina, Piauí, sobre o manejo da sífilis na gestação e congênita, segundo os protocolos normatizados pelo MS. Trata-se de um estudo transversal descritivo conduzido com a população de enfermeiros, médicos obstetras e neonatologistas/pediatras atuantes nas maternidades públicas de Teresina nos meses de fevereiro e março de 2015 (n=243), por meio de questionários auto aplicados, tendo sido registradas 5% de perdas e 11% de recusas. Foi utilizado o referencial teórico da avaliação normativa, elaborando-se, a partir dos protocolos normatizados pelo MS, dois modelos lógico-operacionais (um referente à sífilis na gestação e outro à sífilis congênita), ambos com duas dimensões (diagnóstico e tratamento) e subdimensões (conhecimento e prática). Baseado na meta da OMS foram considerados critérios em conformidade os que apresentaram percentual de conformidade ≥ 95%. Um critério avaliado apresentou conformidade para todos os profissionais avaliados: “fornecimento de orientações sobre a importância do tratamento do parceiro para evitar reinfecção” (92,4%, IC 95%: 86,9-95,9%) e a “conversa com o parceiro” foi a dificuldade mais importante relatada pelos profissionais na abordagem das gestantes com diagnóstico de sífilis (23,3%, IC 95%: 17,1-30,7%). No manejo da sífilis na gestação, os obstetras revelaram conformidade em alguns critérios referentes ao conhecimento sobre testes treponêmicos e não treponêmicos, à prática de solicitação da sorologia para sífilis, do tratamento da sífilis de duração ignorada e de fornecimento de orientações pós-teste, enquanto, no manejo da sífilis congênita, os neonatologistas apresentaram conformidade em alguns conhecimentos sobre testes treponêmicos e não treponêmicos e na prática do tratamento de recém-nascidos que apresentam neurossífilis. Entre os enfermeiros, não foi observada conformidade com relação a qualquer um dos critérios avaliados, com destaque para o relato de que não podem solicitar exames (36,0%, IC 95%: 26,8-46,3%) e prescrever tratamento para a gestante (58,0%, IC 95%:47,7-67,7%) e para o recém-nascido (69,7%, IC 95%: 58,9-78,7%). Entre os profissionais que participaram da pesquisa 23,9% (IC 95%: 18,7-29,8%) afirmaram não saber informar sobre o horário de funcionamento da vigilância epidemiológica, 55,9% (IC95%: 49,5-62,3%) não sabiam da existência de livro ou planilha para registro dos casos de sífilis congênita diagnosticados nas maternidades e 73,2% (IC 95%: 67,1-78,6%) relataram que a notificação compulsória dos casos de sífilis na gestação e congênita é realizada rotineiramente na maternidade em que trabalham. Os resultados deste estudo evidenciam uma série de lacunas do conhecimento dos profissionais e apontam condutas que não se mostram em conformidade com os protocolos normatizados, além de indicarem dissociação entre a assistência e as atividades de vigilância epidemiológica. Constituem subsídio importante para os gestores no processo de aprimoramento das práticas profissionais e da atenção oferecida, ao facilitar a definição de prioridades, seleção de estratégias e tomada de decisão.