Os (Des) caminhos da sífilis congênita em Botucatu/São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Vivian Sauer Torres da [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/138179
Resumo: A sífilis congênita é um evento sentinela e um dos mais graves desfechos adversos que podem ser prevenidos durante a gestação. Sua eliminação configura-se como desafio diretamente ligado ao controle da sífilis na gestação, tanto pela atenção à saúde da gestante, quanto à de seus parceiros. A alta prevalência da transmissão vertical vem apontando perdas de oportunidades durante todas as fases da doença na gestação, justificando o presente estudo que teve por objetivo analisar o itinerário terapêutico percorrido por mães que tiveram filhos notificados como caso de sífilis congênita no Sistema de Informação de Agravos de Notificação e propor fluxo de cuidados a gestantes diagnosticadas com sífilis no âmbito da Atenção Primária à Saúde. Trata-se de pesquisa exploratória de cunho qualitativo embasada no referencial teórico do Itinerário Terapêutico. Fizeram parte do estudo 17 mães que tiveram filhos nascidos no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2014. Os dados foram obtidos por consulta as ficha de notificação de sífilis em gestante e de sífilis congênita, ficha de acompanhamento domiciliar de sífilis congênita do Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids, prontuários e por meio de entrevista semiestruturada com as mães. A análise dos dados foi realizada segundo a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin, na vertente Temática. Predominaram as mães que tinham alto nível de escolaridade, baixa renda, multiplicidade de parceiros sexuais na vida, multiparidade e antecedente de sífilis. Verificou-se que houve o uso de drogas ilícitas durante o período gestacional por duas mães investigadas. A maioria das mães realizou o pré-natal em unidades básicas de saúde do município, com seis ou mais consultas, entretanto, cinco mães iniciaram o pré-natal no terceiro trimestre de gestação, sete tiveram o diagnóstico de sífilis no terceiro trimestre de gestação e uma no parto, seis mães não finalizaram o tratamento em até 30 dias antes do parto, e ocorreram dois óbitos fetais. A maioria dos bebês apresentou sinais clínicos e/ou alterações laboratoriais sugestivas de sífilis congênita. A maior parte dos parceiros não foi tratada. A análise das entrevistas permitiu a exploração de três temas e seus respectivos núcleos de sentido: Tema 1 - Foi muito difícil ter sífilis na gestação; Tema 2 - Foi bem doloroso ver meu bebê ficar internado e Tema 3 - Apesar de tudo, ainda sei pouco sobre sífilis. Pela análise do itinerário terapêutico das mães, pôde-se depreender que este foi marcado por preocupação, medo, decepção, dor, violência institucional e cuidado desumanizado que implicaram sofrimento, superado com apoio de familiares e profissionais de saúde. Com base nos achados deste estudo foi elaborada uma proposta de fluxo de cuidados dirigido as gestantes com sífilis focado no processo de trabalho das equipes da rede de atenção primária à saúde, desde o diagnóstico até o nascimento. Por fim, considera-se que este estudo vem contribuir para o planejamento de ações mais abrangentes voltadas ao cuidado integral de gestantes com diagnóstico de sífilis e à prevenção da sífilis congênita, uma vez que revela dificuldades enfrentadas por mulheres que tiveram filhos notificados como caso de sífilis congênita, além de aspectos da vulnerabilidade individual, social e programática que devem ser abordados na atenção integral à saúde deste grupo populacional.