Flebotomíneos vetores e prevalência da Leishmaniose visceral canina, em área endêmica do município de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais/Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Carvalho, Gustavo Mayr de Lima
Orientador(a): Falcão, Alda Lima, Gontijo, Célia Maria Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4030
Resumo: O Brasil enfrenta atualmente a expansão e urbanização das leishmanioses com um grande número de casos humanos e cães positivos em várias cidades de grande e médio porte. A ocorrência da doença em uma determinada área depende basicamente da presença do vetor susceptível e de um hospedeiro/reservatório igualmente susceptível. O presente trabalho avaliou aspectos epidemiológicos das leishmanioses relacionados à infecção canina e aos flebotomíneos em uma área endêmica do município de Santa Luzia/MG, com registros recentes de casos humanos autóctones de LVA e LTA. Foram realizadas coletas sistematizadas mensais durante um ano, utilizando armadilhas luminosas de Falcão e não sistematizadas, com capturas manuais utilizando o capturador de Castro. As fêmeas capturadas foram identificadas e destinadas à verificação de infecção natural através da dissecção e detecção de DNA do parasito (PCR) em “pools” específicos contendo até 20 fêmeas cada. A densidade total de flebotomíneos foi correlacionada com dados climatológicos. No estudo da infecção canina foi verificada a soroprevalência, prevalência da infecção e da doença nos cães, utilizando técnicas sorológicas (RIFI e ELISA) e moleculares (PCR) para o diagnóstico. Foram utilizadas na PCR amostras clínicas de pele, medula óssea (de 43 cães sorologicamente positivos) e sangue periférico (202 cães). O isolamento e caracterização do parasito foram realizados utilizando amostras positivas da cultura de aspirado de medula óssea e amostras clínicas positivas dos 43 cães reativos na sorologia. Foi coletado um total de 1552 exemplares, sendo 1154 machos e 398 fêmeas, pertencentes a sete espécies de flebotomíneos, sendo a mais abundante a Lutzomyia whitmani (75%) seguida por L. longipalpis (19%), que são vetoras da LTA e LVA respectivamente. Não foi observada nenhuma correlação estatisticamente significativa entre a densidade total de flebotomíneos e os dados climatológicos durante o período de estudo. Foram dissecadas 102 fêmeas pertencentes a cinco espécies e em nenhuma foi observada a presença de formas flageladas. Para a detecção através da PCR foram constituídos 11 “pools” a partir de 211 fêmeas vivas, pertencentes a cinco espécies. Em dois “pools” foi possível verificar infecção natural, sendo um de L. whitmani, infectado por L. braziliensis e um de L. cortelezzii infectado por L. chagasi. Estes resultados sugerem a possível participação de L. whitmani na transmissão da LTA na área de estudo e a necessidade de estudos mais aclaradores sobre o envolvimento de L. cortelezzii no ciclo de transmissão da LVA. No estudo da infecção canina a L. chagasi foi a espécie responsável pela LVC no Bairro Baronesa, Santa Luzia/MG. A soroprevalência, prevalência da infecção e da doença nos cães foi de 57, 54 e 16% respectivamente. A alta soroprevalência e a baixa prevalência da doença encontrada nos nossos resultados ilustram o grande problema enfrentado atualmente no diagnóstico clínico e sorológico da LVC, com uma grande quantidade de cães assintomáticos (159/201 no nosso estudo) e de diagnósticos falsopositivos (37/201) e falso-negativos (30/201). Sobre as amostras clínicas utilizadas na PCR (pele, medula óssea e sangue) podemos dizer que a amostra de sangue foi a menos eficiente no grupo dos 43 cães com sorologia positiva, entretanto esta apresentou resultados semelhantes aos observados com os métodos sorológicos na amostragem de 202 cães. Outra observação importante foi a positividade apresentada pelas amostras de pele e sangue independente da sintomatologia dos cães (P>0,05), ao contrário do que foi verificado para a medula, com um número maior de cães positivos (87%) no grupo dos assintomáticos (P<0,05). Assim, a alta prevalência da infecção canina e a presença predominante e abundante de espécies de flebotomíneos vetoras apresentadas nos nossos resultados podem clarear a escolha das medidas de controle mais adequadas à situação atual, pelos órgãos competentes do município. De fato há que se valorizar e incentivar novas investigações e pesquisas aplicadas como fontes importantes de informações para subsidiar o Programa de Controle das Leishmanioses no Brasil.