Características clínico-epidemiológicas e classificação de gravidade de pacientes com eritema nodoso hansênico atendidos em um hospital terciário do Piauí

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Melo, Caroline Baima de
Orientador(a): Sarno, Euzenir Nunes, Costa, Filipe Anibal Carvalho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/28358
Resumo: A hanseníase é uma doença infecciosa que acomete pele e nervos periféricos, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Além de um espectro de apresentações clínicas, pode desencadear reações imunológicas agudas, denominadas reações hansênicas, que podem ser do tipo 1 (reação reversa) ou tipo 2 (eritema nodoso hansênico - ENH). O eritema nodoso é o tipo mais comum e mais grave de reação. Pode ser classificado em leve, moderado ou grave, o que implica diretamente no prognóstico e tratamento. Para padronizar a classificação, o Grupo Internacional de estudos em Eritema Nodoso Hansênico, Erythema Nodosum Leprosum International Study (ENLIST) Group, elaborou uma escala objetiva de gravidade da doença, a escala ENLIST ENL (ENL - erythema nodosum leprosum), a qual é a primeira escala validada no mundo. O objetivo do estudo foi descrever as características sociodemográficas, clínicas e epidemiológicas dos pacientes atendidos em um hospital terciário, um dos três centros de referência em hanseníase no Piauí, classificando-os de acordo com a gravidade mensurada pela escala ENLIST ENL. Para isso, foi realizado estudo observacional transversal descritivo, envolvendo 26 pacientes, recrutados sequencialmente de maio de 2017 a fevereiro de 2018. De acordo com a pontuação obtida na escala, os pacientes foram divididos em dois grupos: 1, ENH leve e 2, ENH moderado/grave Os dados, coletados mediante questionário estruturado, foram analisados estatisticamente e comparados entre si. Foram 12 pacientes no grupo 1 e 14 no grupo 2. Nódulos cutâneos foram identificados em 96,2% dos pacientes e dor, em 84,6%, sendo as manifestações mais frequentes. A extensão e número de nódulos se relacionaram à gravidade dos casos. A maior parte dos pacientes era do sexo masculino, faixa etária de 31 a 49 anos, com baixa escolaridade, pardos, renda familiar entre 1 e 3 salários mínimos e residentes na área urbana de Teresina. Comorbidades foram encontradas em 46,2%, sendo diabetes melitus a doença mais frequente. Vinte e quatro pacientes (92,3%) apresentavam incapacidade, a maioria grau 1. A forma clínica virchowiana foi a mais frequente. Apenas dois pacientes ainda estavam tomando a poliquimioterapia (PQT) para hanseníase, a maioria havia terminado o tratamento há mais de um ano. A maior parte dos casos eram crônicos, com histórico de mais de 5 episódios, tratados com talidomida, na dose de 100 mg/dia, isolada ou associada a corticosteroide oral. A interrupção do tratamento foi apontada como a causa para os surtos em 61,5% dos pacientes. O eritema nodoso hansênico se manifesta por nódulos cutâneos e dor em quase todos os pacientes, portanto interfere negativamente na sua qualidade de vida. Muitos pacientes desenvolvem ENH crônico e necessitam de tratamento com talidomida e outros imunossupressores por tempo prolongado e a interrupção inapropriada das medicações é a principal responsável pelos surtos da doença. Esse foi o primeiro estudo realizado no Piauí a utilizar uma escala de gravidade do eritema nodoso hansênico validada, a qual deve ser divulgada em todos os serviços de referência.