Identificação e caracterização fenotípica de subpopulações de neutrófilos de baixa densidade no eritema nodoso hansênico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Tavares, Isabella Forasteiro
Orientador(a): Pereira, Veronica Schmitz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/47395
Resumo: Resumo:O eritema nodoso hansênico (ENH) é considerado o quadro clínico mais grave da hanseníase. Atualmente o ENH é descrito como uma reação imunomediada por neutrófilos. Os pacientes com ENH apresentam leucocitose neutrofílica e a presença de neutrófilos nas lesões é um marco histológico importante no diagnóstico. Ainda assim, poucos trabalhos mostram o papel direto de neutrófilos no ENH. Evidências sugerem que uma subpopulação de neutrófilos de baixa densidade (LDNs, \201Clowdensity neutrophils\201D), presentes na fração de células mononucleares de sangue periférico (PBMC) contribuam diretamente na patogênese e agravamento de diversas doenças como a sepse, lúpus e tuberculose. O objetivo deste estudo foi caracterizar a presença de LDNs circulantes na hanseníase e seu envolvimento no agravamento do ENH. Análises por microscopia óptica, microscopia eletrônica de transmissão e imunofluorescência, mostraram células segmentadas e hipersegmentadas com morfologia compatível à neutrófilos em PBMC de pacientes ENH. Dados obtidos por citometria de fluxo confirmaram a presença elevada de LDNs (CD14-CD15+) em pacientes ENH quando comparados à pacientes com hanseníase não reacionais. Além disso, nossos resultados mostram que há uma correlação entre a frequência de LDNs e a gravidade do quadro clínico dos pacientes ENH. Observamos que o aumento de LDNs em pacientes ENH tem relação com a diminução de monócitos na fração de PBMC. A expressão elevada dos marcadores de ativação CD11b, CD16, CD66b e diminuição de CD62L e CD49d, sugere uma maior ativação dos LDNs nos pacientes ENH quando comparados à pacientes não reacionais. O tratamento com talidomida não interferiu na frequência de LDNs circulantes. Porém, reduziu a expressão dos marcadores de ativação, consequentemente, reduzindo o status de ativação dessas células. Através de ensaio imunoenzimático vimos um aumento nos níveis de MMP-9 (marcador de degranulação de neutrófilos) no soro de pacientes ENH. O aumento nos níveis séricos de MMP-9 foi correlacionado com o aumento na frequência de LDNs. Por fim, após análises in vitro, verificamos que o M. leprae é capaz de induzir a geração de LDNs em sangue total de indivíduos sadios. E o estímulo com M. leprae favorece o aumento na expressão de CD66b, receptor relacionado à atividade degranulatória, na superfície dos LDNs. Sendo assim, concluímos que pacientes ENH apresentam níveis elevados de LDNs circulantes com perfil ativado, e o aumento dessa subpopulação está relacionado à gravidade do ENH. Ademais, a presença do M. leprae favorece o aumento na frequência dessas células em sangue total. Esse dado, em conjunto com o aumento nos níveis de MMP-9 no soro e aumento na expressão de CD66b na membrana da célula, sugere que a degranulação pode ser a fonte de geração dos LDNs circulantes em pacientes com hanseníase. E esse mecanismo pode contribuir para a inflamação sistêmica associada ao ENH.