HPV e câncer do colo do útero: um olhar sobre a etiologia infecciosa das doenças crônicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Rodrigues, Henrique de Castro
Orientador(a): Czeresnia, Dina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/2461
Resumo: O estudo teve por objetivo analisar as questões levantadas na literatura sobre a associação entre o HPV e o câncer do colo uterino e suas implicações para a política de controle da doença. Buscou-se correlacionar esta discussão com antigas polêmicas entre modelos teóricos divergentes sobre etiologia e as medidas de controle por eles prescritas. Trata-se de uma revisão de artigos científicos com abordagem histórica/conceitual acerca das mudanças recentes no conhecimento científico relacionado à etiologia do câncer do colo do útero. A análise do estudo se deu mediante um diálogo entre o discurso produzido pela epidemiologia e pela biologia molecular sobre a gênese do câncer do colo uterino e a reflexão que vem sendo realizada pela Saúde Pública, tendo como eixo temático a crítica ao modelo ainda hegemônico a respeito da etiologia das doenças, focada na especificidade causal e, de acordo com esta, na generalização de intervenções para prevenção e controle. O caso da relação etiológica entre o HPV e o câncer do colo uterino ilustra bem as características e os limites deste modelo, hegemônico desde o final do século XIX. Apesar dos avanços obtidos na compreensão sobre a etiologia das doenças, a lógica das estratégias de controle não tem acompanhado tais avanços. Ainda que as pesquisas sobre a etiologia deste câncer assinalem haver uma complexa rede de interações entre o agente viral e a célula do colo uterino, o modelo hegemônico insiste em privilegiar uma medida específica de intervenção para o controle do câncer, a vacina contra os tipos de HPV de alto-risco. A comprovação do papel de um agente infeccioso na carcinogênese do colo uterino reforça a fragilidade dos limites teóricos que diferenciam os conceitos de doenças transmissíveis e não transmissíveis. Neste contexto, o desenvolvimento da biologia molecular abre novos caminhos e possibilidades de interpretação do fenômeno patológico, aproximando-se da perspectiva daqueles que há muito tempo já buscaram compreendê-lo em uma referência de maior complexidade. A Saúde Pública e a Epidemiologia estiveram na vanguarda de uma postura racional mais ampla sobre a etiologia das doenças, quando aliaram o conhecimento biológico disponível a aspectos sociais e culturais. Os desafios atuais demandam o esforço de integrar a biologia molecular a outros níveis de determinação das doenças, como forma de aprofundar a compreensão dos vínculos complexos entre eles e de buscar alternativas apropriadas de intervenção.