Análise da microbiota vaginal antes e após o tratamento das lesões intraepiteliais escamosas de alto grau do colo uterino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Ventura, Patricia Mendonça
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/35925
Resumo: Introdução: A infecção persistente pelo HPV é a principal causa para o desenvolvimento das lesões precursoras e do câncer de colo uterino. Fatores ambientais (tabagismo, contracepção hormonal, multiparidade, infecções de transmissão sexual, imunossupressão) contribuem para a persistência viral. Recentemente, vários estudos analisam o papel da microbiota vaginal no processo de aquisição e persistência do HPV e do risco de desenvolvimento do câncer do colo do útero. A microbiota vaginal de mulheres em idade reprodutiva é em grande parte composta por Lactobacillus sp, produtores de ácido lático, sendo, dessa forma, classificada de acordo com quantidade de morfotipos predominantes. Nesse estudo utilizou-se a classificação da microbiota segundo Donders e Nugent. Objetivo primário: Avaliar a associação do tipo de microbiota vaginal de acordo com a classificação de Donders e de Nugent com a ocorrência de lesão intraepitelial escamosa cervical de alto grau. Objetivo secundário: 1- Correlacionar o tipo de microbiota vaginal com os fatores de risco ambientais (tabagismo, contracepção hormonal, multiparidade, imunossupressão); 2-Avaliar a influência do tratamento dessas lesões na microbiota vaginal inicial de acordo com a classificação de Donders e de Nugent; 3-Avaliar a associação da cândida com a lesão intraepitelial escamosa de alto grau. Método: Estudo observacional, longitudinal, prospectivo, analítico, realizado no Ambulatório de Ginecologia do HUAP, entre 2019 a 2021, que avaliou a microbiota vaginal de mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão intraepitelial escamosa cervical de alto grau antes e seis meses após o tratamento da lesão, e a microbiota de mulheres sem lesão cervical (colpocitologia normal) em duas coletas com intervalo de seis meses. Para análise estatística os dados foram compilados numa planilha do Microsoft Excel 2019 e analisados usando o programa livre R versão 3.6.1. Para analisar a associação entre variáveis categóricas foram utilizados os testes exato de Fisher, enquanto que para comparar valores de variáveis numéricas foi usado o teste de Mann-Whitney, com significância estatística p<0,05. Resultados: 62 mulheres fizeram parte do estudo, divididas em dois grupos: grupo estudo composto por 33 mulheres com lesão e grupo controle composto por 29 sem lesão. Cinco mulheres do grupo estudo foram excluídas (três cânceres e duas perdas de seguimento). Segundo Nugent, na coleta inicial do grupo estudo, dezesseis mulheres (57%) apresentavam microbiota lactobacilar, oito (28%) intermediária e quatro (14%) cocácea. No grupo controle, 21 (75%) lactobacilar, uma (3%) intermediária e sete (24%) cocácea. Sendo p = 0,03. No grupo estudo, 61% das mulheres possuíam a microbiota normal pela classificação de Donders, e 6 meses após o tratamento cirúrgico aumentou para 86% (p-valor =0,009). Já segundo Nugent, 57% da microbiota vaginal no grupo estudo era normal no tempo 0 e 75% no tempo 6 meses (p-valor=0,06). Nossos resultados evidenciaram predomínio da microbiota vaginal normal nas pacientes do grupo controle durante o tempo 0 e 6 meses. Já quanto à cultura de bactérias aeróbias, no grupo estudo, a coleta inicial mostrou crescimento bacteriano na amostra de cinco mulheres (17%), enquanto não houve crescimento no grupo controle (p<0,05). Essa mesma análise seis meses após também não mostrou significância estatística. A associação do tipo de microbiota vaginal e os fatores de risco estudados não apresentou significância estatística. Conclusão: Utilizando-se a classificação da microbiota descrita por Nugent, há associação entre a presença da lesão intraepitelial escamosa de alto grau do colo uterino e o tipo de microbiota vaginal, com predomínio de microbiota normal nas mulheres sem lesão cervical. O tratamento parece reduzir a presença de bactérias aeróbias na microbiota vaginal. Não foi observada associação entre os fatores de risco estudados e o tipo de microbiota vaginal. Utilizando a classificação de Donders o tratamento parece modificar o tipo de microbiota vaginal, favorecendo redução da microbiota alterada. Porém, estudos com uma amostra maior são necessários para confirmar nossos resultados.