Incidência de infecção pelos vírus Dengue e Zika em uma coorte prospectiva de crianças de uma comunidade urbana no Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pedro, Renata Saraiva
Orientador(a): Brasil, Patrícia, Carvalho, Marília Sa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48560
Resumo: Dengue e Zika são arboviroses transmitidas, principalmente, pelo Aedes aegypti, de extrema relevância mundial pela alta incidência e potencial gravidade clínica. Desde meados de 1980, o vírus Dengue (DENV) é o principal responsável por epidemias com elevada morbidade no Brasil. A entrada do vírus Zika (ZIKV) trouxe também a necessidade de estimar sua incidência e manifestações clínicas entre crianças, além das já conhecidas relacionadas à gestação. Até o momento são poucos os estudos longitudinais sobre essas arboviroses em crianças provavelmente pela dificuldade de obtenção de material biológico de repetição nesta faixa-etária. O objetivo deste trabalho foi calcular a incidência de Dengue e Zika em uma coorte prospectiva de base populacional de crianças de 0-5 anos de idade em Manguinhos, de 2012 a 2018. A taxa de incidência da infecção pelo DENV por 1.000 pessoas-ano e respectivos intervalos de confiança foram estimados pelo modelo de Poisson; e a taxa de incidência de infecção pelo ZIKV foi calculada pela proporção do número de casos entre as crianças em acompanhamento. Ajustou-se um modelo misto Bayesiano para estimar a associação entre fatores de risco e a incidência dessea arboviroses. Todos os dados foram analisados no software R versão 3.23. Foram incluídos 387 neonatos de mulheres recrutadas no terceiro trimestre de gestação. Para a compensação das perdas, 501 crianças de 0-5 anos de idade foram incluídas a partir de 2015. As questões metodológicas e a complexidade da implantação desta coorte pediátrica apresentaram obstáculos e elementos facilitadores. A vigilância ativa de febre foi realizada por telefone, facebook e whatsapp. Do total de 3.472 consultas pediátricas, 39% foram consultas de febre ou exantema. Nenhum padrão temporal, sazonal ou pico de casos febris e/ou exantema foi observado no período. A taxa de incidência de infecção pelo DENV, 320 casos/1.000 pessoas-ano (IC95%: 272-373) foi consequência da epidemia de 2012-2013 e da introdução do DENV-4 no Rio de Janeiro. A taxa de incidência de infecção pelo ZIKV (9,3%), menor do que a esperada para uma área com alta densidade de Ae. aegypti pode ser atribuída à proteção cruzada observada entre infecção recente pelo DENV e a chance de infecção pelo ZIKV (OR: 0,42; IC 95%: 0,19-0,87). A febre esteve presente em 21% e 45% das infecções pelo DENV e ZIKV, respectivamente. Os sinais respiratórios associados ou não à febre foram os mais prevalentes (41,4%) nas consultas pediátricas. Portanto, a suspeita clínico-epidemiológica dessas arboviroses em crianças não deve se restringir aos sintomas clássicos. Deve-se considerar também que o ambiente da moradia das famílias em Manguinhos é propício para a infecção, devido a proximidade dos domicílios em territórios desfavorecidos com diversas carências e necessidades.