Epidemiologia da esporotricose animal e humana no município de Salvador - BA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Sales, Ana Lúcia Galvão
Orientador(a): Fraga, Deborah Bittencourt Mothé
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/57456
Resumo: Introdução: Apesar de ser uma doença negligenciada, a esporotricose é a micose subcutânea maisfrequente no Brasil em especial nas últimas duas décadas e uma das mais relevantes para a saúde pública, uma vez que, para o seu controle e enfrentamento, envolve questões ambientais, comportamentais e de saúde animal. A ocorrência da esporotricose em humanos esteve associada por muito tempo à transmissão sapronótica decorrente da implantação traumática do fungo Sporothrix spp. a partir do ambiente contaminado, principalmente em atividades de jardinagem e horticultura. Porém atualmente tem-se observado sobretudo no Brasil, a emergência da esporotricose zoonótica, tendo o gato como animal mais envolvido nesse ciclo. A esporotricose tem como agente etiológico o fungo termodimórfico do gênero Sporothrix. O potencial zoonótico da esporotricose foi reforçado pelo isolamento de Sporothrix spp. nas lesões de gatos e sua ocorrência já foi confirmada em várias partes do mundo. O primeiro registro de esporotricose em Salvador – BA foi em 2018, não havendo nenhum dado oficial a respeito da prevalência e distribuição da doença no município. Objetivo: Descrever a ocorrência, distribuição e os fatores associados à esporotricose animal e humana no município de Salvador – BA nos anos de 2018 e 2019. Método: O estudo foi realizado no município de Salvador,capital do estado da Bahia. Foram incluídos neste estudo animais suspeitos de esporotricose em Salvador oriundos de vigilância passiva e/ou ativa realizadas em 2018 e 2019 pelo Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde. Os dados clínico-epidemiológicos dos animais foram coletados por questionário utilizado pela equipe de médicas veterinárias que realizaram a avaliação dos animais no domicílio dos mesmos. Os dados epidemiológicos dos casos humanos de esporotricose foram extraídos do SINAN. Resultados: Em Salvador, nos anos de 2018 e 2019, ocorreram 1.286 notificações de animais suspeitos para esporotricose, desses, foram avaliados 1220 (94,9%). Destes 87,7% eram da espécie felina e 12,3% da espécie canina, 64,8% dos animais avaliados eram machos, 95,8% não possuíam raça definida (SRD), 57,2% eram adultos, 75,6% não eram castrados, 50,1% eram criados como semi-domiciliados, 86,9% tinham acesso à rua e 83,9% tinham contato com outros animais, por serem criados em conjunto ou por saírem à rua. Dos felinos notificados (1.128) e avaliados nas residências, 52,8% foram confirmados. Os Distritos Sanitários com maior número de casos confirmados nos dois anos foram Boca do Rio, Itapuã, Cabula/Beirú e Subúrbio Ferroviário. Com relação aos casos humanos, foram notificados 87 casos nos dois anos, sendo 31 notificações em 2018 e 56 em 2019, o que demonstra um aumento de 80,6% dos casos entre um ano e outro. Destas notificações, 77,4% das ocorrências foram em mulheres. No ano de 2018, 51,6% dos casos humanos ocorreram na área de influência das residências com felinos positivos (até 1 Km de raio) e em 2019 82,1% dos registros estavam no raio de influência. Dentre as características avaliadas nos animais suspeitos, gatos jovens e adultos apresentaram maior chance de confirmação do diagnóstico de esporotricose. O contato com outros animais considerados como suspeitos de estarem com esporotricose aumentou em 35 vezes a chance de confirmação do diagnóstico. Conclusão: Observou-se com esse trabalho, o aumento e espalhamento dos casos de esporotricose pelo território, além da descrição da população envolvida. As localidades de ocorrência, tanto em animais como humanos apresentaram características similares de deficiências de infraestrutura, além de grande adensamento populacional e hábitos de criação dos animais em comum. A adoção de medidas multidisciplinares visando a abordagem de “Saúde única” devem ser adotadas com agilidade.