Estudo prospectivo intervencional de terapia fonoaudiológica vocal na leishmaniose mucosa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ruas, Ana Cristina Nunes
Orientador(a): Valete-Rosalino, Cláudia Maria, Schubach, Armando de Oliveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/27909
Resumo: A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença infecciosa, não contagiosa, que afeta a pele e mucosas, e que constitui um problema de saúde pública pela capacidade de produzir deformidades. A leishmaniose mucosa (LM) acredita - se ocorrer mesmo vários anos após a cicatrização da lesão cutânea primária. A mucosa nasal, isolada ou associada a outras localizações, está envolvida na quase t otalidade dos casos de LM, sendo lesões em cavidade oral, faringe e laringe, menos frequentes. As queixas mais comuns na LM são obstrução nasal, epistaxe, rinorreia, odinofagia, rouquidão e tosse, dependendo da localização da lesão mucosa. Estas estruturas envolvidas na produção vocal e acometidas pela LM são campo de estudo da fonoaudiologia, que se dedica a prevenir e ou reabilitar sequelas funcionais. Esta tese é composta por dois artigos e teve como objetivo descrever as alterações vocais na LM e avalia r os efeitos da fonoterapia na reabilitação destas. No primeiro artigo, foi realizado um estudo transversal em uma coorte de 26 pacientes com LM em atividade, acompanhados no Laboratório de Vigilância em Leishmanioses (Vigileish) do Instituto de Pesquisa C línica Evandro Chagas - Fiocruz, no período entre 2010 a 2013. Nestes, a idade média foi de 54,5 + 15 anos sendo 81% do sexo masculino. As lesões encontravam - se distribuídas nas seguintes estruturas, 88,5% cavidade nasal, 38,5% cavidade oral, 34,6% faringe e 19,2% laringe. A principal queixa referida foi obstrução nasal (73,1%), seguida de disfonia (38,5%), odinofagia (30,8%) e disfagia (26,9%). Verificou - se que 23 pacientes (84,6%) apresentaram alteração da qualidade vocal No segundo artigo, com o objetivo de avaliar o efeito da fonoterapia, foi realizado um estudo longitudinal prospectivo de intervenção fonoaudiológica entre 2010 e 2012, em 16 pacientes que haviam apresentado resposta favorável ao tratamento para LM no Vigileish entre 2005 e 2009. A perfura ção do septo nasal foi observada em 43,8% dos pacientes. Adicionalmente, foram observadas cicatrizes na asa nasal em 12,5%, no vestíbulo nasal em 25%, lábio superior em 12,5%, palato em 12,5%, faringe em 12,5% e laringe em 12,5%. Apesar da laringe ser um d os sítios menos comprometidos na LM, a disfonia ocorreu em 68,8% dos casos. Os pacientes submetidos à fonoterapia obtiveram melhora nos parâmetros de grau geral de rouquidão, rugosidade, soprosidade, tensão, Shimmer e tempo máximo de fonação. Conclusões: A proximadamente 90% dos pacientes com LM em atividade apresentam alterações vocais, mesmo na ausência de lesão laríngea, órgão responsável pela produção da voz, indicando que a alteração da qualidade da voz é uma sequela importante da LM. Nestes pacientes, as lesões em faringe, cavidade oral e possivelmente em fossas nasais, regiões de ressonância vocal, podem ter contribuído para o desenvolvimento de mecanismos compensatórios responsáveis pelas alterações da qualidade vocal Mesmo após tratamento medicament oso da LM, aproximadamente 70% dos pacientes permanecem com alterações vocais, sugerindo que o tratamento medicamentoso exclusivo possa não ser suficiente para o reestabelecimento da voz. Possivelmente, os mecanismos compensatórios desenvolvidos na fase de doença ativa, responsáveis pelas alterações vocais, se perpetuem após a cura clínica da LM. No entanto, a fonoterapia foi capaz de reabilitar 71% das sequelas. Como perspectiva futura, pretendemos avaliar os efeitos da intervenção fonoaudiológica precoce em alterações vocais detectadas durante o tratamento medicamentoso da LM