Sentidos, limites e potencialidades da medicina fetal: a visão dos especialistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Rodrigues, Cláudia Sampaio
Orientador(a): Jannotti, Claudia Bonan
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Fernandes Figueira
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/8142
Resumo: O presente estudo teve como objetivo geral compreender visões e opiniões dos especialistas sobre os sentidos, limites e potencialidades da medicina fetal. Como questões específicas, investigamos como os médicos viam os benefícios e riscos das práticas da medicina fetal para a saúde da mulher e do feto, o acesso segundo condições socioeconômicas, a questão dos direitos reprodutivos e da autonomia das mulheres em face da medicina fetal e o tema do aborto. Trata-se de estudo qualitativo que utilizou duas fontes: apresentações em congresso de medicina fetal e entrevistas individuais semiestruturadas com especialistas. Para análise dos relatos orais utilizou-se o método hermenêutico-dialético. A noção do feto como paciente impulsiona o desenvolvimento da medicina fetal como especialidade diferenciada da obstetrícia e da perinatologia. Os especialistas reconhecem que o acesso das mulheres à medicina fetal, no Brasil, se dá principalmente através dos serviços privados e da saúde suplementar, com pouca problematização das condições de acesso aos procedimentos no SUS. Os direitos reprodutivos são muitas vezes interpretados como benefícios à saúde, e questões relativas à autonomia decisória, integridade corporal e equidade de gênero são pouco presentes nas reflexões. A possibilidade de iatrogenia e os custos sociais e psicológicos das práticas em medicina fetal para as mulheres aparecem de forma superficial e não suscitam um debate sobre limites éticos e técnicos das intervenções. A maioria dos entrevistados defende a liberação e/ou descriminalização do aborto, como forma de ampliação da atuação da especialidade, e um modo de dar sentido a essas práticas, que são basicamente diagnósticas. O estudo sinaliza a necessidade de um amplo debate para que se estabeleçam políticas públicas para a medicina fetal à luz dos princípios do SUS e dos direitos reprodutivos.