Avaliação de fatores epidemiológicos, micológicos, clínicos e terapêuticos associados à esporotricose

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Freitas, Dayvison Francis Saraiva
Orientador(a): Galhardo, Maria Clara Gutierrez, Oliveira, Rosely Maria Zancope
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/12175
Resumo: Esporotricose é uma micose subcutânea causada pelo fungo dimórfico previamente descrito como uma única espécie, Sporothrix schenckii, agora entendido como um complexo de diferentes espécies de interesse clínico. A região metropolitana do Rio de Janeiro constitui área hiperendêmica de esporotricose zoonótica transmitida por gatos desde 1998. Clinicamente tem se caracterizado por formas clínicas pouco usuais, manifestações de hipersensibilidade e um número crescente de pacientes coinfectados com HIV. Este estudo teve como objetivo avaliar fatores epidemiológicos, micológicos, clínicos e terapêuticos associados às diversas formas clínicas de pacientes com esporotricose. Foram utilizados o banco hospitalar de registros de pacientes e o banco de cepas do laboratório de micologia do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC), bem como técnicas de identificação genotípica e laboratoriais clássicas para determinação de virulência e fenótipo dos isolados fúngicos. Foi verificado que a dacriocistite aguda (quatro casos entre 2008 e 2010) é uma manifestação da esporotricose que evolui com complicações (fístula e dacriocistite crônica) necessitando reparação cirúrgica. A Síndrome de Sweet foi observada em três pacientes até 2010 e deve ser incorporada como manifestação de hipersensibilidade da esporotricose. As 12 gestantes com esporotricose entre 2005 e 2010 apresentaram boa evolução com termoterapia local. Na análise clínica e terapêutica de 21 casos de esporotricose e HIV, as formas clínicas variaram com o status imunológico dos pacientes e ocorreu resposta terapêutica em 81% dos casos. A investigação diagnóstica de doença sistêmica em pacientes com linfócitos T CD4+ < 200 células/\03BCL se impõe Na série histórica avaliada, com 48 pacientes com esporotricose e HIV e 3.570 com esporotricose, observamos que pacientes com HIV evoluíram com quadros mais disseminados, hospitalização e óbito. Na avaliação genotípica de 50 isolados, Sporothrix brasiliensis esteve associado às formas pouco usuais e aos casos de hipersensibilidade. O estudo de cinco isolados coletados ao longo de cinco anos em um paciente com quadro de esporotricose disseminada demonstrou aumento de virulência no isolado obtido após 11 anos de infecção (5 anos de tratamento no IPEC), quando utilizado Galleria mellonella como modelo in vivo, sugerindo uma adaptação do fungo ao hospedeiro neste período. Conclui-se que a esporotricose no Rio de Janeiro está relacionada ao surgimento de formas raras e inéditas. Da mesma forma, tem acometido pacientes infectados pelo HIV, com morbimortalidade, devendo ser incorporada como uma infecção oportunística na sua forma disseminada. S. brasiliensis, espécie envolvida na quase totalidade dos casos desta região, pode ter incremento em sua virulência ao longo dos anos, favorecendo sua sobrevida e dificultando a cura do paciente