Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Carvajal Córtes, José Joaquin |
Orientador(a): |
Peiter, Paulo Cesar,
Honório, Nildimar Alves |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/57859
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Resumo: |
Os vírus dengue são transmitidos naturalmente pelo mosquito Aedes aegypti, seu principal vetor no mundo, e em algumas regiões, também pelo mosquito Aedes albopictus. O dengue causa cerca de 390 milhões de novas infecções anualmente, põe em risco cerca de 2,5 a 3 bilhões de pessoas e é endêmico em regiões tropicais. O Brasil é o país com a maior incidência da região das Américas. Neste país as áreas de fronteira internacional merecem atenção especial por sua posição estratégica para o controle da entrada de novos sorotipos do vírus e para a difusão de outras arboviroses como Zika, chikungunya e seus vetores. Na zona de fronteira entre Brasil Colômbia e Peru, o primeiro surto de dengue ocorreu em 2011, e se mantém endêmico até o momento. Em 1996, Ae. albopictus foi encontrado na cidade de Tabatinga-AM (Brasil), enquanto em Letícia (Colômbia) este vetor foi registrado em 1998. No Peru, por enquanto não tem se registrado a presença de Ae. albopictus no seu território. Ae. aegypti, foi registrado pela primeira vez em Tabatinga em 2008, enquanto em Iquitos (Peru) em 1894 e em Letícia em 2009. Assim, o processo saúde-doença varia em função das diferentes situações de vulnerabilidade social de cada país, revelando descontinuidades políticas, jurídicas, institucionais, sociais, culturais, dentre outras. Nesse sentido, a principal motivação para o desenvolvimento desta tese foi compreender a importância da fronteira na dinâmica da distribuição do dengue e seus vetores e, identificar seus principais determinantes e condicionantes, bem como caracterizar e compreender o papel das estratégias de articulação entre as equipes e ações de saúde dos países no controle da dengue nessa zona de fronteira. Trata-se de um estudo com um componente ecológico e um componente transversal. O componente de estudo ecológico foi realizado a partir de análises e tratamento de dados entomológicos, epidemiológicos, ambientais e sociais relacionados com dengue e seus vetores, utilizando ferramentas de geoprocessamento e de análise geoestatística. O componente de estudo transversal foi realizado através da coleta de dados entomológicos e aplicação de instrumentos de pesquisa (grupos focais, entrevistas semi-estruturadas e inquéritos domiciliares com termo livre de consentimento), para a caracterização e diagnóstico da situação sociodemográfica e dos sistemas de vigilância epidemiológica e controle de endemias nos municípios da área de estudo abrangendo as cidades gêmeas de Leticia (Colômbia) e Tabatinga (Brasil). Os achados mostraram associações entre o maior número de criadouros de ambas espécies ou larvas de Ae. aegypti, com bairros próximos à linha de fronteira, bem como o menor número de criadouros ou larvas de Ae. aegypti e o maior número de criadouros ou larvas de Ae. albopictus, com bairros periféricos ou periurbanos. Adicionalmente, identificaram-se a temperatura, a umidade relativa e a precipitação como determinantes climáticos da infestação de Ae. aegypti (2009-2016) e Ae. albopictus (2001-2016) na cidade de Letícia. A distância das residências à linha internacional de fronteira nas cidades gêmeas de Letícia e Tabatinga, encontrou-se inversamente correlacionada com a abundância de Aedes, sendo que a maior concentração de ovos de Aedes sp. (55,4%), larvas de Ae. aegypti (30,1%) e adultos de Ae. aegypti (40,4%), ocorreram nas residências localizadas no raio de 300 metros da linha internacional de fronteira. Os achados apontam a existência de diferenças entre os determinantes e condicionantes sociais e ambientais do dengue e Ae. aegypti, nas cidades gêmeas de Letícia e Tabatinga. Assim, os condicionantes socioambientais da presença de Ae. aegypti, foram: o conhecimento sobre o papel do mosquito como vetor da dengue; a renda e benefícios sociais; a interrupção do serviço de abastecimento de água; a ocorrência de casos de dengue; o uso de métodos de controle; a presença de pontos estratégicos e o conhecimento sobre a biologia de vetores. Do mesmo modo, os condicionantes socioambientais da dengue foram: as campanhas de conhecimento sobre a biologia dos vetores; o uso de métodos de controle; o tempo de residência no município; o deslocamento à área urbana para realizar atividades de lazer; o número de habitantes no domicílio; a presença de ovos de Aedes; as condições do peridomicílio; o uso de reservatórios de água; o reconhecimento das larvas de Aedes, o deslocamento para realizar atividades turísticas e o uso de repelente. Em relação à mobilidade, o maior fluxo de trabalhadores e estudantes foi entre os bairros fronteiriços e a zona comercial tanto em Letícia como em Tabatinga, os quais apresentaram as maiores incidências acumuladas em 2015. Por outro lado, as falhas na articulação de políticas em saúde entre os países, a escassez de agentes e profissionais de saúde para atender a demanda da população estrangeira, a vulnerabilidade social, a carência de infraestrutura em saúde e a precariedade do saneamento básico foram os aspectos mais influentes da condição de fronteira segundo os agentes e profissionais dos serviços de saúde. Enfim, este estudo contribuiu na identificação dos condicionantes e determinantes da dengue e seus vetores no contexto transnacional, relacionadas principalmente às condições de saneamento básico, acessibilidade aos serviços básicos e mobilidade transfronteiriça, bem como, se reconhece a fronteira como um determinante da distribuição da dengue e seus vetores, que aumenta a vulnerabilidade social e programática das populações transfronteiriças e os serviços de saúde. |