Evolução in vitro do vírus Zika e seu impacto sobre a aptidão viral em diferentes modelos biológicos – in vitro e in vivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Nascimento, Valdinete Alves do
Orientador(a): Naveca, Felipe Gomes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/53306
Resumo: As infecções ocasionadas por arbovírus representam sérios problemas de saúde pública em regiões tropicais e subtropicais do planeta. No Brasil, além da circulação dos diferentes sorotipos do vírus dengue, no ano de 2015 houve a emergência do vírus (ZIKV), que representou um grande desafio para a saúde pública do país. Este vírus pertence à família Flaviviridae, gênero Flavivirus, sendo, portanto, um vírus de genoma RNA fita simples e de polaridade positiva. É de conhecimento científico que os vírus de genoma RNA possuem altas taxas de variação em suas sequências, relacionadas à falta de atividade de correção da RNA polimerase e a alta taxa de replicação viral. Estas variações podem resultar no acúmulo de mutações que culminem na seleção de uma variante atenuada ou potencialmente mais virulenta. Estudos realizados com a linhagem Asiática demonstraram que durante os últimos 50 anos o ZIKV vem acumulando importantes mutações em seu genoma, além de possíveis eventos de recombinação no envelope e NS5. Foi verificado ainda que amostras isoladas no Brasil possuem em média 18 mutações quando comparadas com amostras isoladas de epidemias em outros países. Considerando a necessidade de uma maior compreensão dos mecanismos relacionados ao processo evolutivo do ZIKV e o fato de sua replicação ser propensa a erros, podendo introduzir continuamente no ambiente novas variantes virais, este trabalho teve como objetivo avaliar a evolução in vitro do vírus Zika e seu impacto sobre a aptidão viral em diferentes modelos biológicos. Foram realizadas duas séries de 40 passagens subsequentes do ZIKV em células oriundas de Aedes albopictus (C6/36) e Aedes aegypti (Aag-2). Ao término do processo de evolução em cada linhagem celular foi obtido o genoma viral da passagem inicial e das passagens múltiplas de cinco até a passagem 40, utilizando a abordagem de sequenciamento de alto rendimento com a tecnologia Illumina. Realizou-se também ensaios para verificar o impacto do processo de evolução sobre a aptidão viral em modelos in vitro, com as células C6/36 e Aag-2, bem como in vivo com os mosquitos Aedes albopictus e Aedes aegypti. No vírus evoluído em C6/36 foram detectadas duas mutações sinônimas na sequência consenso de P40_C6/36, sendo uma na NS1 (T > C) e a outra na NS3 (A > G). Além disso detectou-se 13 sítios variáveis, sendo três mutações sinônimas e 10 não sinônimas, por meio da chamada de variantes, nas regiões codificantes paras as proteínas NS1, NS2A, NS2B, NS3 e NS5. Já no vírus evoluído em Aag-2 foi detectada uma substituição não sinônima na sequência consenso da região codificante para NS5, quanto as variantes minoritárias, foram detectados apenas dois sítios variáveis. Os experimentos in vitro mostraram que o processo de adaptação favoreceu a aptidão viral na linhagem em que o vírus foi evoluído, com maiores cargas virais em diferentes tempos avaliados em experimentos de cinética de infecção. Todavia, os testes in vivo não apresentaram resultados claros apontando a necessidade da realização de novos experimentos. Com os dados obtidos neste estudo espera-se contribuir com o aumento do conhecimento relacionado ao processo evolutivo do ZIKV