A produção do conhecimento em doenças negligenciadas no Brasil: uma análise bioética dos dispositivos normativos e da atuação dos pesquisadores brasileiros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Andrade, Bruno Leonardo Alves de
Orientador(a): Rocha, Dais Gonçalves
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/42489
Resumo: As doenças negligenciadas são demonstradas como um flagelo persistente no histórico das populações excluídas, portanto de interesse da bioética. São classificadas como um grupo de doenças infecciosas que estão fortemente associadas às condições de pobreza verificadas, em sua grande maioria, nos países de baixa e média renda. Na intenção de aproximar duas áreas do conhecimento por meio de um diálogo a fim de demonstrar que, apesar de específicas, elas podem atuar de maneira sinérgica, esta tese teve como objetivo principal a análise quantitativa e qualitativa da produção do conhecimento em doenças negligenciadas no Brasil, considerando os dispositivos normativos relativos ao tema e a atuação dos pesquisadores da área. O presente estudo utilizou documentos públicos e dados estatísticos para obtenção dos seus resultados, que foram os seguintes: as ações de indução para as doenças negligenciadas tornou-se uma prioridade para Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde, instrumento construído a partir da instituição da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde. 140 projetos foram contemplados pelos dois editais. Houve uma equiparação na participação do gênero masculino e feminino na coordenação das pesquisas. O maior número de projetos contemplados foi procedente das instituições de ensino superior e institutos de pesquisa que, na sua grande maioria, tinham caráter público. A maior parte dos estudos foi proveniente da área das ciências da saúde e concentrou-se principalmente nas instituições situadas na região Sudeste e não naquelas regiões de maior prevalência das doenças negligenciadas (Norte, Nordeste e Centro-Oeste). No primeiro edital, os estudos biomédicos corresponderam a maior parte dos projetos. No caso do segundo, as pesquisas clínicas foram lideraram do ranking dos estudos realizados por meio de apoio público. Em relação à atuação dos pesquisadores analisados por esta tese, ela ocorreu por um enfoque biológico e individualizado acerca da doença, que foi o hegemônico, e por um enfoque social e coletivo. Os autores expoentes da área da saúde também demonstraram influência na atuação do grupo dos pesquisadores analisados por esta tese. Apesar das iniquidades relacionadas à distribuição regional do número de projetos e da hegemonia da atuação constatada, concluiu-se que a ação de enfrentamento assumida pelo Estado brasileiro conjuntamente com parte dos integrantes da comunidade científica nacional pode ser considerada como uma ação moralmente justificada e eticamente comprometida. A atitude tomada pelo país trouxe para o centro das atenções da pesquisa em saúde um tema que, apesar de relevante para as condições de desenvolvimento de uma nação, tem sido vilipendiado, principalmente, pelos que julgam que aqueles que se encontram sob o estado de vulnerabilidade social devam ser negados do acesso aos cuidados à saúde de qualidade e a medicamentos que sejam essenciais a sua sobrevivência.