Corpúsculos lipídicos e eicosanoides nos momentos iniciais da infecção com leishmania infantum chagasi

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Santos, Théo de Araújo
Orientador(a): Borges, Valéria de Matos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/7222
Resumo: Corpúsculos lipídicos são organelas citoplasmáticas envolvidas na produção de eicosanoides em leucócitos. Eicosanoides como as prostaglandinas têm sido envolvidos no controle da resposta inflamatória e imunológica. A saliva de Lutzomyia longipalpis participa do estabelecimento e desenvolvimento da doença pela modulação das respostas hemostática, imunológica e inflamatória do hospedeiro favorecendo a infecção. Entretanto, o papel dos eicosanoides nos momentos iniciais da infecção por Leishmania ainda não foi esclarecido, assim como a participação da saliva neste contexto. Aqui, nós investigamos o papel dos eicosanoides induzidos pela saliva de L. longipalpis e produzidos pela Leishmania infantum chagasi na infecção. O sonicado de glândula salivar (SGS) de L. longipalis induziu um aumento no número de CLs em macrófagos de maneira dose e tempo dependente, o qual esteve correlacionado com o aumento de PGE2 nos sobrenadante de cultura. As enzimas COX- 2 e PGE-sintase foram co-localizadas nos CLs induzidos pela saliva e a produção de PGE2 foi reduzida pelo tratamento com NS-398, um inibidor de COX-2. Nós verificamos que o SGS rapidamente estimulou a fosforilação de ERK-1/2 e PKC-α e a inibição farmacológica dessas vias inibiu a produção de PGE2 pelos macrófagos estimulados com SGS. Em seguida, nós avaliamos o efeito da saliva de L. longipalpis sobre a produção de eicosanoides durante a infecção por L. i. chagasi no modelo peritoneal murino. Nós observamos que a saliva aumentou a viabilidade intracelular de L. i. chagasi tanto em neutrófilos como em neutrófilos recrutados para a cavidade peritoneal. As células recrutadas para cavidade peritoneal apresentaram maiores níveis da relação PGE2/LTB4 e o pré-tratamento com NS-398 reverteu o efeito da saliva sobre a viabilidade intracelular dos parasitas. Parasitas como Leishmania são capazes de produzir PGs utilizando uma maquinaria enzimática própria. Neste estudo nós descrevemos a dinâmica de formação e a distribuição celular dos CLs em L. i. chagasi bem como a participação desta organela na produção de PGs. A quantidade de CLs aumentou durante a metaciclogênese assim como a expressão de PGF2α sintase (PGFS), sendo esta enzima co-localizada nos CLs. A adição de ácido araquidônico AA à cultura de L. i. chagasi aumentou a quantidade de CLs por parasita, bem como a secreção de PGF2α. A infecção com as diferentes formas de L. i. chagasi não foi capaz de estimular a formação de CLs na célula hospedeira. Por outro lado, os parasitas intracelulares apresentaram maiores quantidades de CLs. A infecção estimulou uma rápida expressão de COX-2, mas não foi detectado aumento na produção de PGF2α nos sobrenadantes. Por fim, nós verificamos a presença do receptor de PGF2α (FP) nos vacúolos parasitóforos de macrófagos infectados com L. i. chagasi. O prétratamento das células com um antagonista do receptor FP inibiu os índices de infecção de forma dose-dependente. Em conjunto, nossos dados apontam que os eicosanoides desempenham um papel crucial para evasão da resposta imune durante os momentos iniciais da infecção por L. i. chagasi com diferentes contribuições do parasita, do vetor e da célula hospedeira neste contexto.