Micetoma: experiência de 24 anos em um hospital de referência do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Sampaio, Felipe Maurício Soeiro
Orientador(a): Valle, Antonio Carlos Francesconi do, Galhardo, Maria Clara Gutierrez
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/25387
Resumo: O micetoma é uma doença causada pela inoculação traumática de fungos filamentosos (eumicetoma) ou bactérias filamentosas aeróbicas (actinomicetoma), os quais no tecido formam grãos. Com manifestação clínica essencialmente silenciosa, diagnóstico laboratorial difícil e tratamento desafiador, apresenta um impacto médico, ocupacional e socioeconômico significativo, com redução na qualidade de vida dos indivíduos afetados. Além de não ser uma doença de notificação compulsória, a incidência e prevalência são desconhecidas. Este estudo teve por objetivo descrever os aspectos epidemiológicos, clínicos, laboratoriais e terapêuticos dos pacientes com micetoma atendidos e acompanhados no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), na Fundação Oswaldo Cruz - Rio de Janeiro, Brasil, no período entre 1991 a 2014. Por meio da revisão de prontuários e exames de laboratório foram incluídos 21 casos de micetoma. Pacientes do sexo masculino prevaleceram com razão de 1,3:1 e a média da idade registrada foi de 46 anos. A região Sudeste do Brasil prevaleceu com 71,42% de procedência dos casos. O pé foi a região anatômica mais afetada com 80,95% e história prévia de trauma foi positiva em 85,71%. Eumicetoma predominou (61,90%) em relação ao actinomicetoma (38,10%) Os pacientes com eumicetoma tiveram cultura positiva em 46,15% dos casos, com isolamento de Scedosporium apiospermum (23,07%), Madurella mycetomatis (15,38%) e Acremonium sp. (7,69%). Para actinomicetoma, houve identificação em 75% dos casos, com isolamento de Nocardia sp. (37,5%), Nocardia brasiliensis (25%) e Nocardia asteroides (12,5%). Dois casos de eumicetoma apresentaram micélio estéril, sendo que um foi identificado como Phomopsis columnaris pela sequência genômica da região ITS1-5.8S-ITS2. Exames de imagem foram realizados em todos os pacientes e em 42,85% identificada destruição óssea. Todos os casos de eumicetoma foram tratados com itraconazol associado ou não a terbinafina (15,38%), fluconazol (23,07%) e anfotericina B (7,69%). Os casos de actinomicetoma foram tratados com sulfametoxazol com trimetoprima em monoterapia (62,5%) ou associados com ciclos de sulfato de amicacina (12,5%) ou cefalexina (12,5%). Cirurgia foi realizada em 69,23% do eumicetoma e 37,5% do actinomicetoma. Cura clínica ocorreu em 57,14% (61,53% para o eumicetoma e 50% para o actinomicetoma), recorrência em 19,04% e não foi registrado óbito. O INI é uma instituição com estrutura diferenciada, com laboratórios especializados em diagnosticar as diferentes micoses e agentes etiológicos. Mesmo possuindo um serviço de farmácia capaz de disponibilizar medicamento suficiente para o completo tratamento do paciente, o micetoma ainda apresenta, altas frequência de acometimento ósseo e baixos índices de cura