Estudo clínico-radiológico das infecções causadas por nocardia e seu diagnóstico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1995
Autor(a) principal: Chedid, Maria Bernadete Fernandes
Orientador(a): Severo, Luiz Carlos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/164155
Resumo: A observação das infecções por Nocardia species em pacientes de vários hospitais de Porto Alegre, RS, de 1977 a 1991 revelou 14 casos de nocardiose pulmonar; 1 caso de nocardiose cerebral; 1 caso de nocardiose cutânea e 1 caso de micetoma. Dos 17 casos, somente 2 pacientes ( 11 ,8%) não apresentavam nenhuma doença prévia à infecção por Nocardia spp . Os demais 15 pacientes (88,2%) apresentavam doenças ou fatores associados a essas doenças causadores de diminuição da imunidade celular, representando casos em que a nocardiose foi considerada uma infecção oportunística. As doenças predisponentes mais freqüentes foram neoplasias, que incidiram em 6 pacientes (35%): doença de Hodgkin (1 paciente),linfoma e câncer do laringe(1 paciente), câncer de mama (2 pacientes), carcinoma brônquico (1 paciente) e neoplasia cerebral metastática indiferenciada (1 paciente). Cinco pacientes faziam uso de corticoesteroides em altas doses e 4 pacientes haviam usado radioterapia. Quimioterapia antiblástica estava sendo usada em 3 desses casos, também associada. DBPOC incidiu em 6 pacientes (35%), porém somente em 1 caso foi a única doença subjacente. Em outros 2 casos foi associada a hepatite e, nos demais 3 casos foi associada a doenças imunodepressoras severas e ao uso de corticóide em altas doses. Dois pacientes (11 ,7%) eram portadores de transplante renal, em uso de altas doses de corticóides e quimioterapia antiblástica. Polimiosite ocorreu associada a neoplasia em 1 caso e em outro foi a doença principal, que exigiu o uso de corticóides para seu tratamento. Tivemos 1 caso de esclerose múltipla em corticoterapia, 1 caso de LES em corticoterapia e quimioterapia antiblástica e 1 caso de SIDA. Diabete muito provavelmente ocorreu como conseqüência de corticoterapia em 3 pacientes. Corticoterapia foi a condição associada imunodepressora mais prevalente, pois foi usada em 11 pacientes (64,7%) e quimioterapia antiblástica em 6 casos (35,0%). A apresentação radiológica mais frequente da nocardiose pulmonar foi infiltração pulmonar ou consolidação (71 ,4%), seguida de cavitação (57,0%) e nódulos pulmonares (21 ,4%). Comparamos a nossa série de 17 pacientes com as séries da literatura, especialmente com a série de PRESANT et a/ (que em 1973 estudaram fatores influenciando a mortalidade de 147 pacientes com nocardiose) para avaliar diferenças e semellhanças estatisticamente significativas. Foram utilizados o teste "T" de Student para comparação de médias, o teste do Quiquadrado para comparação de proporções de indivíduos e, quando a menor frequência esperada foi inferior a 5, usou-se o teste exato de Fisher. Concluímos que as infecções por Nocardia species em Porto Alegre se assemelham à experiência de outros autores da literatura, quanto à sua apresentação clínico-radiológica; quanto às doenças e fatores imunodepressores prévios do hospedeiro; quanto ao aspecto de transmissão nosocomial entre portadores de transplante renal e quanto à evolução dos casos para cura ou óbito; com as características de que a nocardiose em nossa série foi uma infecção significativamente mais oportunística (P<0,05) do que para Presant et ai (1973), o que se deve principalmente ao número significativamente maior (P<0,05) de pacientes com neoplasias e em tratamento com drogas imunossupressoras em nossa série; de que a incidência de nocardiose do SNC e conseqüentemente de nocardiose sistêmica em nossa série foram significativamente menores (P<0,05), provavelmente devido à não sistematização do uso da tomografia computadorizada cerebral em nossos casos com sintomas neurológicos. A mortalidade dos nossos 17 pacientes com nocardiose (46, 7%) foi percentualmente menor do que a mortalidade de PRESANT et ai (59,0%), embora não significativamente menor (P<0,05). Mas nossa mortalidade não foi maior, apesar de nosso grupo ser constituído significativamente (P<0,05) por pacientes mais imunocomprometidos. Isso sugere que outros fatores tenham influenciado nossos resultados, tendendo a diminuir nossa mortalidade; entre eles, provavelmente, o diagnóstico feito mais precocemente e a influência de cepas menos patogênicas ou até mesmo espécies menos invasivas de Nocardia em nossa série, por nós identificadas somente como Nocardia spp. A nossa mortalidade (46,7%) foi semelhante à mortalidade de 42,4% obtida num grupo de 643 pacientes imunodeprimidos de um total de 1000 casos de nocardiose revisados desde 1950 por BEAMAN & BEAMAN(1994), em contraste com a mortalidade de apenas 19,8% no grupo de pacientes não imunodeprimidos, em que nocardiose foi uma infecção primária, confirmando que o fator que mais influencia na evolução da doença é a condição imune do hospedeiro . Esses dados confirmam a coincidência dos achados obtidos em nossa experiência de nocardiose em Porto Alegre, RS, 1977-1991.