Papel do glicolipídeo PGLI na interação do Mycobacterium leprae com a célula de Schwann: participação na internalização bacteriana na modulação de receptores endocíticos e no metabolismo lipídico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Acosta, Chyntia Carolina Diaz
Orientador(a): Pessolani, Maria Cristina Vidal
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/23338
Resumo: A parede celular de micobactérias patogênicas é rica em glicolipídeos complexos, tais como os glicolipídeos fenólicos (PGLs). O PGLI, especifíco da parede do Mycobacterium leprae, apresenta uma porção trissacarídea que não é encontrada em PGLs de outras micobactérias. De acordo com a literatura, o PGLI é responsável pelo neurotropismo de M. leprae já que se liga especificamente à laminina da lâmina basal de células de Schwann (CS) através da porção trissacarídica da molécula, permitindo a invasão de CS. Além do seu papel na aderência e invasão, o PGLI encontra-se envolvido na modulação da resposta imune. Estudos anteriores mostraram que M. leprae é capaz de perturbar a homeostase lipídica de células infectadas, resultando na formação de corpúsculos lipídicos (CL). Diversas moléculas têm sido correlacionadas com a biogênese destes corpúsculos, todavia o envolvimento do PGLI nesse mecanismo ainda não foi descrito. Utilizando uma cepa recombinante de Mycobacterium bovis BCG que expressa PGLI (BCGPGLI) nosso objetivo foi estudar a participação deste glicolipídeo na internalização bacteriana e seu efeito no fenótipo da CS. Observamos que a expressão de PGLI promove a adesão e internalização do BCG e partículas de látex (\201Cbeads\201D) em CS da linhagem ST8814 e CS humanas primárias, e que a extremidade dissacarídica não redutora do glicolipídeo é essencial neste processo. A capacidade de invadir CS também se correlacionou positivamente com viabilidade bacteriana, sendo as bactérias mortas internalizadas com menor eficiência Observamos que os bacilos vivos, imediatamente após a infecção, modificam o repertório de receptores de fagocitose na CS, proporcionando a entrada de novas bactérias por vias alternativas que, possivelmente, favorecem a infecção e persistência bacteriana. Dentre os receptores modulados, identificamos o CD206, receptor de manose da família de lectinas tipo C. Mostramos que CD206 é induzido na célula infectada através do aumento de expressão e ativação do fator de transcrição nuclear PPAR \05E5. Estes resultados confirmaram a existência de um \201Ccross talk\201D entre PPAR \05E5 e CD206 descrito na literatura, mas agora no contexto de CS. Além da capacidade de invasão, avaliamos também a indução de formação de CLs. O BCGPGLI vivo e \201CBeads\201D PGLI foram capazes de induzir CLs em CS, enquanto que a cepa BCGWT, mesmo internalizada, não induziu CLs. A indução de CLs foi também dependente de PPAR .\05E5 Paralelamente, através de análise de proteômica, iniciamos a identificação de ligantes candidatos de PGLI a partir de extrato enriquecido em proteínas de membrana de CS. A determinação de ligantes/receptores candidatos podem nos ajudar a entender melhor o processo de internalização do M. leprae via PGLI, assim como os processos metabólicos ou vias de sinalização modulados por esta molécula. Em resumo, nossos dados fortalecem o papel do PGLI como molécula chave na patogenia do M. leprae no nervo periférico, e sinalizam que a viabilidade do bacilo tem um impacto fundamental neste processo.