Leishmaniose Visceral no Estado do Rio de Janeiro: estudo epidemiológico, clínico e espacial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Vasconcelos, Alex de Oliveira
Orientador(a): Pimentel, Maria Inês Fernandes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Fiocruz/INI
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/60734
Resumo: A leishmaniose visceral (LV) é uma doença negligenciada com ampla expansão territorial que acarreta uma considerável morbidade e mortalidade nas populações atingidas. O objetivo geral da presente investigação foi estudar a endemia de LV humana no estado do Rio de Janeiro (RJ) de 2001 a 2020, através das fichas de notificação ao SINAN, visando analisar características clínicas, sociodemográficas, temporais e espaciais, e simultaneamente analisar casos de LV canina entre 2007 e 2020. Trata-se de um estudo observacional descritivo com abordagens temporais e espaciais dos casos humanos e caninos notificados ao SINAN no RJ. A metodologia do estudo incorporou diferentes tipos de análise: 1) Descrição da frequência, incidência e letalidade da LV humana, possibilitando o detalhamento do perfil epidemiológico (séries temporais regulares); 2) Descrição das características sociodemográficas e clínicas; 3) Análises espaciais (análise exploratória e mapa da função de densidade de Kernel e técnicas de agrupamentos). Houve 97 casos de LV humana no estado do RJ entre 2001 e 2020. Os casos de LV humana aumentaram ao longo dos quinquênios, com maior concentração no último quinquênio (47,4%); os maiores picos aconteceram nos anos de 2017 e 2019. Verificou-se que a endemia pela LV humana no estado do RJ é principalmente urbana (91,8%), com 23,9% do território afetado e uma clara tendência de crescimento. A letalidade foi de 14,4%, elevada comparando-se com a média brasileira (7,8%). Houve uma propensão em relação ao sexo e à idade para “mulheres mais velhas” ou “homens mais novos”. Dois terços das infecções eram do sexo masculino; a razão entre os sexos (H/M) se intensificou à medida em que aumentou a faixa etária. A forma clínica clássica (febre, esplenomegalia e hepatomegalia) predominou, com complicações em 47,4% dos casos. A coinfecção LV-HIV/AIDS representou 13,6% dos pacientes. Houve um aumento da média do tempo entre o início dos sintomas e o tratamento, à medida que avançou a idade. A análise espacial mostrou que a área endêmica do estado do RJ teve um deslocamento no tempo, da região Metropolitana (predominante no primeiro decênio) para a região do Médio Paraíba (predominante no segundo decênio), conforme demonstrado no mapa da função de densidade de Kernel e na análise de clusters. Estudando a sobreposição das áreas de casos humanos com notificações caninas, pudemos observar três perfis: i) superposição de casos humanos de LV com cães notificados; ii) casos humanos sem notificações caninas; e iii) notificações caninas sem casos humanos. Por tratar-se principalmente de uma doença urbana, é preciso que as políticas do estado do Rio de Janeiro fomentem e apoiem uma urbanização com infraestrutura pública adequada e condições de vida mais favoráveis. Além disso, são necessárias medidas de controle vetorial e do cão infectado eficientes, duradouras, de fácil execução, e que tenham boa aceitação da população. Este panorama da leishmaniose visceral no Rio de Janeiro traz novos desafios e demanda novos estudos em diferentes áreas.