Avaliação de aspectos das interações envolvendo o vetor Aedes aegypti, a microbiota intestinal e arbovírus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: David, Mariana Rocha
Orientador(a): Freitas, Rafael Maciel de, Vicente, Ana Carolina Paulo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/23137
Resumo: A microbiota intestinal influencia diversos aspectos da biologia dos insetos, incluindo a sobrevivência, o desenvolvimento, a nutrição e a imunidade. No caso dos insetos vetores, a microbiota pode impactar a susceptibilidade a patógenos adquiridos através do repasto sanguíneo, como arbovírus e protozoários. Atualmente o Brasil enfrenta epidemias de três arboviroses, causadas pelos vírus dengue (DENV), chikungunya (CHIKV) e Zika (ZIKV), os quais seriam transmitidos primariamente pelo mosquito Aedes aegypti. O objetivo principal desta tese foi avaliar aspectos das interações envolvendo vetor, microbiota e arbovírus, enriquecendo o conhecimento acerca da dinâmica da comunidade microbiana intestinal e dos impactos na biologia do vetor. A composição da microbiota de fêmeas de Ae. aegypti recapturadas em um experimento de marcação-soltura-recaptura foi comparada a de insetos mantidos no laboratório sob diferentes dietas (açúcar ou açúcar e sangue) e oriundos de distintos grupos etários. Avaliamos também a diversidade bacteriana presente no intestino de mosquitos selvagens do mesmo local. Diante de todas as variáveis supramencionadas, demonstramos que a maioria dos taxa bacterianos abundantes na microbiota de Ae. aegypti perdura sob diferentes condições e ao longo da vida das fêmeas, não havendo a colonização por novos taxa em quantidades expressivas (>2%). Tais resultados sugerem que o lúmen intestinal é um ambiente competitivo, colonizado por microorganismos logo após a emergência do mosquito adulto A adição do gênero Asaia no criadouro larvar não colonizou e nem provocou alterações no desenvolvimento dos imaturos de Ae. aegypti, como é observado em Anopheles. Por outro lado, a presença de Elizabethkingia na água de criação resultou na aceleração do desenvolvimento larvar. Os mecanismos envolvidos ainda são desconhecidos, porém a associação entre este mosquito e Elizabethkingia parece oferecer uma vantagem evolutiva para o Ae. aegypti. Após a ingestão do sangue, fêmeas de culícideos apresentam um aumento da ordem de 1000 vezes na quantidade de bactérias intestinais. Contudo, nossos experimentos mostram que ao ingerir sangue contendo CHIKV, fêmeas de Ae. aegypti não apresentam alterações significativas na carga bacteriana intestinal em relação aos insetos pré-infecção. Um comportamento similar foi observado em mosquitos da mesma espécie infectados por DENV. Além disso, as cargas bacteriana e viral apresentaram uma correlação positiva fraca 24h após o repasto infectivo. Por fim, a diversidade bacteriana encontrada se sobrepõe àquela descrita em Ae. aegypti coletados em diferentes localidades geográficas, com o encontro frequente dos gêneros Asaia, Enterobacter, Bacillus, Pseudomonas e Serratia, por exemplo. O estudo das interações entre vetor e microbiota pode auxiliar no entendimento do gradiente de susceptibilidade a arbovírus observado em populações naturais de mosquitos, bem como contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias de controle vetorial e/ou redução da transmissão de arbovírus.