Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2005 |
Autor(a) principal: |
Malta, Mônica Siqueira |
Orientador(a): |
Monteiro, Simone Souza |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/5444
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Resumo: |
Questão: A principal substância ilícita estimulante utilizada no Brasil é a cocaína. Devido ao seu padrão de consumo – uso repetitivo e contínuo – muitos usuários adotam comportamentos de maior risco frente ao HIV/AIDS e demais infecções sexualmente transmissíveis. O sul do Brasil é uma importante rota de tráfico de cocaína e abriga uma ativa cena de prostituição. Realizamos duas pesquisas qualitativas em municípios desta região, onde a epidemia de HIV/AIDS tem, na população de usuários de drogas, um elemento essencial à sua dinâmica: Foz do Iguaçu e Itajaí. A cena de prostituição de Foz do Iguaçu está vinculada ao tráfico de drogas e ao uso de crack. Itajaí é o maior porto da região sul, recebendo diariamente >400 caminhoneiros. Desde o início dos anos 90, Itajaí tem registrado uma das maiores incidências de AIDS do Brasil – 99,7 por 100.000 habitantes, em 2001. Descrição: Utilizamos métodos qualitativos para avaliar os comportamentos de risco frente ao HIV/AIDS entre profissionais do sexo que usam crack em Foz do Iguaçu e o papel dos caminhoneiros na dinâmica da epidemia de HIV/AIDS de Itajaí. Foram utilizadas entrevistas em profundidade, grupos focais, observações de campo e mapeamento. Os tópicos das entrevistas e grupos focais incluíram comportamento sexual, uso de drogas, conhecimento, atitudes e crenças sobre o HIV e acesso a serviços de saúde e testagem anônima para o HIV. Profissionais de saúde, líderes comunitários e gerentes de políticas públicas foram entrevistados para confirmar achados iniciais. Lições aprendidas em Foz do Iguaçu: Os participantes apresentam uma baixa autopercepção de risco frente ao HIV, apesar de envolvidas em comportamentos de risco (ex: sexo desprotegido com múltiplos parceiros). Experiências de violência física e sexual são bastante freqüentes entre as participantes e o uso/negociação do preservativo é prejudicado pelo medo de sofrer atos de violência. Diversas profissionais do sexo são moradoras de rua ou favelas, raramente acessando serviços de saúde, centros de testagem e aconselhamento, serviços de apoio social e de saúde reprodutiva, pré-natal e maternidades. Lições aprendidas em Itajaí: Caminhoneiros têm geralmente diversas parceiras sexuais, freqüentemente profissionais do sexo, e o sexo oral/vaginal desprotegido é freqüente. Os participantes apresentam uma baixa auto-percepção de risco frente ao HIV, apesar de estarem envolvidos em comportamentos de risco. O uso de álcool e metanfetaminas é comum entre caminhoneiros, e favorece as práticas de risco. O nível de conhecimento sobre riscos relacionados ao uso de metanfetaminas é baixo, assim como o acesso a serviços de saúde a intervenções comportamentais relativas ao HIV/AIDS. Recomendações: Mulheres profissionais do sexo que usam crack e caminhoneiros que usam metanfetaminas experienciam uma sinergia de problemas sociais e de saúde que determinam seu maior risco para a infecção pelo HIV. Esforços visando à prevenção do HIV nestas populações exigem intervenções multifacetadas e culturalmente apropriadas. Intervenções de limiar baixo, amigáveis e voltadas para questões de gênero devem ser implementadas. É também necessário melhorar o acesso dessas populações vulneráveis a serviços de saúde e serviços que ofereçam aconselhamento e testagem gratuitos. A estruturação de redes de referência e contra-referência mais eficazes é importante para populações móveis, como os caminhoneiros. ONGs, agentes de campo e organizações de base comunitária são atores importantes para estimular mudanças comportamentais e a manutenção de comportamentos mais seguros ao longo do tempo. |