Por que eles não concorda?: mecanismos de variação na concordância verbal no português oral popular de Fortaleza-CE

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Main Author: Pereira, Maria Lidiane de Sousa
Publication Date: 2016
Format: Master thesis
Language: por
Source: Repositório Institucional da UECE
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Summary: <div style="">À luz da Teoria da Variação e Mudança Linguística (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006; LABOV, 1994, 2006, 2008), investigamos a variação na concordância verbal (CV) na 3ª pessoa do plural (3PP), no falar popular de Fortaleza – CE. Do ponto de vista linguístico, esse fenômeno caracteriza-se pela existência das variantes com marcas de CV na 3PP (elas me tratavam bem) e pela variante sem marcas (eles vinha atrás), para realização desse processo morfossintático. Diante desse fenômeno, objetivamos apontar quais fatores linguísticos e sociais interferem no uso, principalmente da variante sem marcas de CV. Para tanto, construímos uma amostra composta por 72 informantes e consideramos apenas inquéritos do tipo DID (Diálogo Entre Informante e Documentador). Esses inquéritos foram extraídos do acervo sonoro do Projeto Norma Oral do Português Popular de Fortaleza – CE (NORPOFOR). Nossos informantes foram estratificados segundo o sexo/gênero (a: homens e b: mulheres), a faixa etária (a: 15 a 25; b: 26 a 49 e c: mais de 50 anos) e a escolaridade (a: 0- 4; b: 5-8; c: 9-11 anos). Como variáveis linguísticas, controlamos a saliência fônica, o traço humano do sujeito, a posição e distância entre verbo-sujeito, o paralelismo formal no nível oracional, o paralelismo formal no nível discursivo e o tipo estrutural do sujeito. Ao todo, localizamos 3.489 ocorrências do fenômeno em estudo. Esse total foi submetido às análises estatísticas fornecidas pelo GoldVarb X. Desse total, 2.283 (65,4%) ocorrências correspondem à variante com marcas de CV, enquanto que 1.206 (34,6%), à variante sem marcas. Tais resultados indicam que, na amostra analisada, a variante com marcas de CV é a mais recorrente para a CV na 3PP. Ao todo, foram realizadas 5 rodadas de análises, dentre as quais, apenas a rodada 1 não apresentou resultados significativos. Assim, com a rodada 2, obtivemos uma visão geral do fenômeno em nossa amostra. A rodada 3, por sua vez, nos permitiu observar o fenômeno em estudo apenas no falar dos informantes com 0-4 anos de escolarização, isto é, os menos escolarizados. Já com a rodada 4, analisamos a CV com a 3PP, apenas no falar dos informantes com mais de 50 anos e, na rodada 5, consideramos apenas dados provenientes do falar das mulheres de Fortaleza – CE. A partir disso, nossos resultados indicam que, do ponto de vista linguístico, as variáveis saliência fônica (formas verbais menos salientes), traço humano do sujeito (SN [não humano]), paralelismo formal no nível discursivo (verbo isolado ou primeiro de uma série), posição e distância entre verbo-sujeito (sujeito posposto perto – um após o outro – e sujeito posposto longe – com 1 ou mais sílabas entre eles) e tipo estrutural do sujeito (SN-pleno simples, SN-pleno nu, SN-pleno composto e quantificador) condicionam o uso da variante sem marcas de CV. Com a observação das variáveis sociais, descobrimos que a escolaridade (0-4 e 5-9 anos), a faixa etária (mais de 50 anos) e o sexo/gênero (mulheres) favorecem o uso da variante sem marcas para a CV com a 3PP, na amostra de fala usada neste estudo. Palavras-chave: Concordância Verbal. Variação. Sociolinguística Variacionista. Falar de Fortaleza – CE.</div>
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spelling Por que eles não concorda?: mecanismos de variação na concordância verbal no português oral popular de Fortaleza-CEConcordância verbal Linguística aplicada Sociolinguística Variação<div style="">À luz da Teoria da Variação e Mudança Linguística (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006; LABOV, 1994, 2006, 2008), investigamos a variação na concordância verbal (CV) na 3ª pessoa do plural (3PP), no falar popular de Fortaleza – CE. Do ponto de vista linguístico, esse fenômeno caracteriza-se pela existência das variantes com marcas de CV na 3PP (elas me tratavam bem) e pela variante sem marcas (eles vinha atrás), para realização desse processo morfossintático. Diante desse fenômeno, objetivamos apontar quais fatores linguísticos e sociais interferem no uso, principalmente da variante sem marcas de CV. Para tanto, construímos uma amostra composta por 72 informantes e consideramos apenas inquéritos do tipo DID (Diálogo Entre Informante e Documentador). Esses inquéritos foram extraídos do acervo sonoro do Projeto Norma Oral do Português Popular de Fortaleza – CE (NORPOFOR). Nossos informantes foram estratificados segundo o sexo/gênero (a: homens e b: mulheres), a faixa etária (a: 15 a 25; b: 26 a 49 e c: mais de 50 anos) e a escolaridade (a: 0- 4; b: 5-8; c: 9-11 anos). Como variáveis linguísticas, controlamos a saliência fônica, o traço humano do sujeito, a posição e distância entre verbo-sujeito, o paralelismo formal no nível oracional, o paralelismo formal no nível discursivo e o tipo estrutural do sujeito. Ao todo, localizamos 3.489 ocorrências do fenômeno em estudo. Esse total foi submetido às análises estatísticas fornecidas pelo GoldVarb X. Desse total, 2.283 (65,4%) ocorrências correspondem à variante com marcas de CV, enquanto que 1.206 (34,6%), à variante sem marcas. Tais resultados indicam que, na amostra analisada, a variante com marcas de CV é a mais recorrente para a CV na 3PP. Ao todo, foram realizadas 5 rodadas de análises, dentre as quais, apenas a rodada 1 não apresentou resultados significativos. Assim, com a rodada 2, obtivemos uma visão geral do fenômeno em nossa amostra. A rodada 3, por sua vez, nos permitiu observar o fenômeno em estudo apenas no falar dos informantes com 0-4 anos de escolarização, isto é, os menos escolarizados. Já com a rodada 4, analisamos a CV com a 3PP, apenas no falar dos informantes com mais de 50 anos e, na rodada 5, consideramos apenas dados provenientes do falar das mulheres de Fortaleza – CE. A partir disso, nossos resultados indicam que, do ponto de vista linguístico, as variáveis saliência fônica (formas verbais menos salientes), traço humano do sujeito (SN [não humano]), paralelismo formal no nível discursivo (verbo isolado ou primeiro de uma série), posição e distância entre verbo-sujeito (sujeito posposto perto – um após o outro – e sujeito posposto longe – com 1 ou mais sílabas entre eles) e tipo estrutural do sujeito (SN-pleno simples, SN-pleno nu, SN-pleno composto e quantificador) condicionam o uso da variante sem marcas de CV. Com a observação das variáveis sociais, descobrimos que a escolaridade (0-4 e 5-9 anos), a faixa etária (mais de 50 anos) e o sexo/gênero (mulheres) favorecem o uso da variante sem marcas para a CV com a 3PP, na amostra de fala usada neste estudo. Palavras-chave: Concordância Verbal. Variação. Sociolinguística Variacionista. Falar de Fortaleza – CE.</div><div style="">In the light of the Linguistics Change and Variation Theory (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006) or Variationist sociolinguistics (LABOV, 1994, 2001, 2008), we investigate the variation of the verbal agreement (VA) in the third person plural (3PP), in the popular speech of Fortaleza – CE. From the linguistic point of view, this phenomenon characterizes itself through the existence of the variants with VA marks in the 3PP (elas me tratavam bem) and through the variants without marks (eles vinha atrás), in order to achieve this morphosyntactic process. Before this phenomenon, we aim to point which linguistic and social factors interfere in the usage, specially of the variant with no VA marks. From this, our goal is to point out which linguistic and social/extralinguistic factors interfere in the use, specially the non-pattern variant. To do so, we built a sample composed by 72 informants and considered only the inquiries of the DID (Dialogue Between Interviewed and Interviewer) type. Such inquiries were extracted from the sound collection of the Oral Norm of the Popular Oral Portuguese of Fortatelza Project – CE (NORPOFOR). Our informants were stratified according to sex/gender (men and women), age (15 to 25; 26 to 49 and above 50 years old) and education (0-4; 5-8; 9-11 years). As for the linguistic variable, we consider phonic protrusion, the human feature of the subject, the position and distance between verb-subject, the formal parallelism in the clause level, the formal parallelism in the discursive level and the structural type of the subject. Altogether, we were able to localize 3.489 occurrence of the phenomenon in question. This result was submitted to statistical analysis provided by GoldVarb X. From this total, 2.283 (65,4%) occurrences correspond to the variant with VA marks, while the other 1.206 (34,6%), to the variant with no marks. Such results point out that, in the analyzed sample, the variant with VA marks is the most recurrent to the VA in the 3PP. Altogether, there were 5 rounds of analysis, in which only round 1 didn’t show any remarkable results. This way, with round 2, we had a panoramic view of the phenomenon in our sample. Round 3, on the other hand, made it possible to observe the phenomenon only in the speech of the informants with 0-4 years of education, which means the informants with a low level of education. With the round 4, we analyze the the VA in the 3PP, only on the speech of informants with more than 50 years and, on round 5, we considered only data from the speech of women from Fortaleza – Ce. From that, our results indicate that, from the linguistic point of view, the variants phonemic protruding (less protruding verbal forms), human feature of the subject (SN [non-human]), clausal parallelism on the speech level (isolated verb or first of a series), positon and distance between verb-subject (close proposed subject – one after the other – and far proposed subject – with 1 or more syllable between them) and structural type of subject (SN-full simple, SN-full naked, SN-full composed and quantifier) condition the use of the variant with marks of VA. With the observation of the social variable, we found out that education (0-4 and 5-9 years), age (above 50 years) and sex/gender (women) support the use of the variants with no marks of VA with the 3PP, in the sample of the speech used in this study.&nbsp;Keywords: Verbal Agreement. Variation. Variationist Sociolinguistics. Fortaleza’s Speech – CE.</div>Universidade Estadual do CearáAluiza Alves de AraújoPereira, Maria Lidiane de Sousa2019-04-30T13:30:56Z2016info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=83326info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UECEinstname:Universidade Estadual do Cearáinstacron:UECE2019-04-30T13:30:56Zoai:uece.br:83326Repositório InstitucionalPUBhttps://siduece.uece.br/siduece/api/oai/requestopendoar:2019-04-30T13:30:56Repositório Institucional da UECE - Universidade Estadual do Cearáfalse
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