Relação conjugal e relação pais-filhos:estudo de variáveis mediadoras e moderadoras
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Publication Date: | 2013 |
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Summary: | Tese de doutoramento, Psicologia (Psicologia da Família), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2013 |
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Relação conjugal e relação pais-filhos:estudo de variáveis mediadoras e moderadorasTeses de doutoramento - 2013Tese de doutoramento, Psicologia (Psicologia da Família), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2013A relação conjugal tem sido considerada a principal fonte de apoio ao desempenho das funções parentais, pelo que o impacto da qualidade conjugal na interacção que os pais estabelecem com os seus filhos tem sido alvo de inúmeras investigações, ao longo das últimas décadas. Nesta dissertação, pretende-se compreender os processos subjacentes às associações entre a relação conjugal e a relação pais-filhos, tendo como bases teóricas o modelo ecológico do desenvolvimento humano de Bronfenbrenner, e a perspectiva sistémica da família. No quadro de um paradigma pós-positivista, optou-se por uma abordagem mista, embora predominantemente quantitativa, procurando-se estudar as relações entre o funcionamento familiar, a vinculação romântica ao cônjuge, a satisfação conjugal, a coparentalidade, as práticas parentais e a vinculação da criança ao pai e à mãe, em casais casados ou em união de facto, com filhos préadolescentes. Numa primeira etapa desta investigação, procedeu-se à adaptação e estudo de validação de um instrumento de avaliação de estilos parentais educativos (N = 2081), a versão de auto-relato do Parenting Styles and Dimensions Questionnaire (Robinson, Mandleco, Olsen, & Hart, 2001) (estudo 1), bem como de um instrumento de avaliação da coparentalidade (N = 1133), o Coparenting Questionnaire (Margolin, Gordis, & John, 2001) (estudo 2). A versão portuguesa do Coparenting Questionnaire apresentou boas qualidades psicométricas, pelo que foi utilizado nos três estudos empíricos seguintes, de cariz quantitativo, em conjunto com outros instrumentos. Por outro lado, a versão portuguesa do Parenting Styles and Dimensions Questionnaire revelou um nível de consistência interna abaixo do considerado aceitável, ao nível da subescala do estilo parental permissivo. Por esta razão, este instrumento não foi incluído nas análises subsequentes da presente investigação, tendo-se optado pelo recurso à outra medida de dimensões parentais (EMBU-P e EMBU-C), igualmente incorporada no protocolo inicial de investigação. Posteriormente, foram realizados quatro estudos empíricos, os três primeiros utilizando uma metodologia quantitativa, com recurso a modelos de equações estruturais, e o último com uma metodologia qualitativa. No primeiro estudo quantitativo (estudo 3) procurou-se testar o papel mediador da satisfação conjugal de ambos os elementos do casal, na relação entre a vinculação romântica ao cônjuge (dimensões ansiedade e evitamento) e o funcionamento familiar (ao nível da adaptação e coesão familiares, e da triangulação) (N = 519). Os resultados indicaram que satisfação conjugal mediava a associação entre a vinculação romântica ao cônjuge e o funcionamento familiar. Verificaram-se ainda algumas diferenças entre homens e mulheres, nos padrões de associação das variáveis estudadas. Nomeadamente, foram observados efeitos significativos entre a vinculação romântica das mulheres e todas as dimensões de funcionamento familiar examinadas, mas apenas se verificaram efeitos significativos entre a vinculação romântica dos homens (nomeadamente, a dimensão evitamento) e a triangulação da criança. Estes resultados apoiam a hipótese spillover de associação entre a qualidade dos subsistemas conjugal e pais-filhos. É ainda sugerida a presença de comportamentos de compensação, através dos quais as mulheres com cônjuges com níveis elevados de evitamento ao nível da vinculação romântica, estabelecem um relação mais próxima com os filhos, como forma de tentarem compensar as necessidades não satisfeitas na relação conjugal. O segundo estudo quantitativo (estudo 4) teve como objectivo investigar as relações entre a satisfação conjugal de um dos cônjuges e as práticas parentais do parceiro (suporte emocional, entativas de controlo e rejeição), considerando o papel mediador da coparentalidade. Os resultados demonstraram que as dimensões de coparentalidade analisadas – cooperação, conflito interparental e triangulação da criança – mediavam as relações entre a satisfação conjugal de um dos cônjuges e as práticas parentais do parceiro. Análises multi-grupos demonstraram ainda que o género do progenitor e da criança moderavam as associações entre as variáveis. Nomeadamente, foram observados efeitos mais fortes entre a satisfação conjugal materna, e as práticas parentais paternas, do que entre a satisfação conjugal paterna e as práticas parentais maternas. Os resultados sugerem ainda que a paternidade se encontra mais fortemente associada aos contributos do cônjuge para a cooperação interparental, do que a maternidade. Por outro lado, várias associações revelaram-se significativas para rapazes, mas não para raparigas. No terceiro estudo quantitativo (estudo 5) procurou-se investigar o papel mediador das práticas parentais, percepcionado por pais, mães e crianças, na relação entre a coparentalidade (cooperação, conflito e triangulação da criança) e a vinculação da criança ao pai e à mãe. Os resultados mostraram que as práticas parentais, nomeadamente, o suporte emocional, as tentativas de controlo e a rejeição parental, mediavam as relações entre as várias dimensões de coparentalidade e a vinculação ao pai e à mãe. À semelhança do estudo quantitativo anterior, os resultados das análises multi-grupos demonstraram que o género da criança moderava as associações entre as variáveis, mas apenas relativamente à vinculação da criança ao pai (e não à mãe). Em particular, verificaram-se associações mais fortes entre a coparentalidade e a vinculação ao pai. Por outro lado, os resultados demonstraram que o conflito interparental se encontra relacionado com a vinculação pai-filho (mas não com a vinculação pai-filha), enquanto que a triangulação está associada à vinculação pai-filha (mas não pai-filho). Numa etapa final desta investigação, procedeu-se à realização de um estudo qualitativo (estudo 6), através da realização de entrevistas semiestruturadas a 12 casais que tinham participado no estudo quantitativo da presente investigação. O principal objectivo deste estudo consistia em compreender, através da “visão” e das “vozes” dos participantes, de que forma o spillover de negatividade conjugal (definida como conflitos, divergências ou discussões entre os elementos do casal) afectava a relação entre pais e filhos. Em particular, procurou-se investigar os processos através dos quais a negatividade conjugal era transmitida para a relação pais-filhos, as variáveis que contribuíam para intensificar ou diminuir o spillover de negatividade conjugal, bem como de que modo os casais tentavam gerir o spillover de negatividade conjugal. Da análise temática das repostas dos participantes emergiram vários temas e sub-temas, organizados em três domínios principais: (1) factores de risco do spillover de negatividade conjugal, referentes a variáveis que intensificam os efeitos de spillover; (2) factores protectores do spillover de negatividade conjugal, incluindo variáveis que inibem os efeitos de spillover; e (3) mecanismos de spillover de negatividade conjugal, relativos aos processos através dos quais os participantes consideravam que ocorria o spillover de negatividade conjugal para a relação paisfilhos. Os resultados são consistentes com a perspectiva sistémica da família, enfatizando a complexidade inerente às interacções entre as díades e tríades do sistema familiar. De um modo geral, os resultados da presente investigação apoiam a hipótese spillover da associação entre a qualidade da relação conjugal e a qualidade da relação pais-filhos, oferecendo ainda evidências para comportamentos de compensação e efeitos de cross-over entre os cônjuges. A presente investigação enfatiza ainda o papel do género do progenitor e da criança, nos padrões de associação entre as variáveis examinadas, salientando a necessidade de se investigarem as quatro díades progenitor-criança (mãe-filho, mãe-filha, pai-filho, pai-filho), para melhor se compreenderem as dinâmicas subjacentes às interacções entre a relação conjugal e a relação pais-filhos. Mais especificamente, os resultados sugerem que a relação paifilhos( as) (ao nível das práticas parentais e da vinculação da criança ao pai) é mais influenciada pela relação conjugal e coparental, comparativamente à relação mãe-filhos(as). Os resultados indicam ainda que a relação progenitor-rapaz é mais influenciada pelo conflito interparental, enquanto as raparigas apresentam uma maior tendência para serem alvos de triangulação. Ao nível da prática clínica com famílias em risco de divórcio ou que apresentem dificuldades conjugais, a presente investigação salienta a necessidade de se desenvolver a autonomia do papel parental paterno, de modo a auxiliar os homens a serem mais independentes do apoio das mães, na prestação de cuidados à criança. É de igual modo enfatizada a importância de se efectuarem intervenções que visem a construção de uma coparentalidade forte e saudável entre os elementos do casal, fomentando a cooperação e apoio mútuo no desempenho das funções parentais.This dissertation aims to provide insight into the processes that underlie the associations between marital and parent-child relationships, in two-parent families with preadolescent children. First, the adaptation of two instruments to the Portuguese population – Parenting Styles and Dimensions Questionnaire and Coparenting Questionnaire – was conducted. Next, three quantitative studies were performed using Structural Equation Modeling. The first study showed that marital satisfaction mediated the association between spouses’ romantic attachment (avoidance and anxiety) and family functioning (family cohesion, family adaptability, and triangulation of the child). Significant effects were found between wives’ romantic attachment and all three dimensions of family functioning, but husbands’ romantic attachment was only associated with triangulation. The second study indicated that coparenting (cooperation, triangulation and interparental conflict) mediated the association between spouses’ marital satisfaction and partners’ parenting practices (emotional support, control attempts and rejection). Child and parent gender moderated the pattern of associations. Relationships were stronger between maternal MS and paternal PP, and many of the associations were significant for parents of boys but not for parents of girls. The third study demonstrated that parenting practices (emotional support, control attempts and rejection) played a mediating role in the association between coparenting and child’s attachment to mother and father. Child gender moderated the pattern of associations for father-child attachment but not for mother-child attachment. Relationships were stronger between coparenting and father-child attachment, and the associations were significant between interparental conflict and father-boys attachment (but not father-girls attachment), and between triangulation and father-girls attachment (but not father-boys attachment). Finally, using semistructured interviews, the qualitative study yielded several mechanisms through which marital negativity spills over into parent-child relationship, as well as vulnerability and protective factors that enhance or inhibit the spillover of marital negativity to parents’ interaction with their children. Implications of the results for clinical practice with families and directions for further investigations are discussed.Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT, SFRH/BD/37678/2007, POCI 2010 - Programa Operacional Ciência e Inovação 2010, POSC -Programa Operacional Sociedade do Conhecimento do III Quadro Comunitário de Apoio 2000-2006); FSE (Fundo Social Europeu).Ribeiro, Maria Teresa, 1962-Repositório da Universidade de LisboaPedro, Marta2013-02-26T16:36:28Z20132013-01-01T00:00:00Zdoctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/7862TID:101315490porinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2025-03-17T12:56:42Zoai:repositorio.ulisboa.pt:10451/7862Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-29T02:31:33.226075Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse |
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