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O Partido Republicano Nacionalista em Évora (1923-1928)

Bibliographic Details
Main Author: Baiôa, Manuel
Publication Date: 2001
Format: Article
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10174/11659
Summary: A união do Partido Liberal com o Partido Reconstituinte no início de 1923 permitiu que se formasse em Évora um partido forte e capaz de fazer frente à tradicional hegemonia do Partido Democrático. O Partido Republicano Nacionalista conseguiu ser uma verdadeira alternativa conservadora dentro do quadro republicano ao P.R.P., tendo conseguido obter em Évora importantes vitórias eleitorais. Em 1925 lideraram uma coligação conservadora republicana que derrotou uma conjunção esquerdista nas eleições municipais. Venceram igualmente nesse ano, as eleições para as juntas de freguesia da cidade de Évora e as eleições legislativas no círculo de Évora, tendo sido eleito deputado o Dr. Alberto Jordão Marques da Costa destacado membro do P.R.N. eborense. Entre 1923 e 1926 os membros do P.R.N. lideraram os principais cargos do Senado Municipal e da Comissão Executiva da Câmara Municipal de Évora. Parte deste sucesso deveu-se ao papel dinamizador do seu centro político que se formou nos primeiro dias de Março de 1923. O Centro Republicano Nacionalista Eborense era um dos principais pólos de sociabilidade política da cidade, possuindo uma composição sócio-profissional heterogénea, embora predominassem os funcionários públicos e trabalhadores das artes e ofícios. No entanto, proprietários e lavradores, comerciantes e trabalhadores rurais também tinham uma presença significativa. Ao nível da elite dirigente local o P.R.N. ia também ao encontro do seu discurso ideológico de partido interclassista, já que todos os grupos sociais estavam representados nas suas comissões políticas. O grupo mais numeroso era o dos trabalhadores das artes e ofícios (32%), seguido dos funcionários públicos (29%), dos comerciantes (19%), e dos proprietários e lavradores (7%). Os trabalhadores rurais bem como os profissionais liberais e os industriais também tinham uma presença, embora reduzida em número, nos órgãos directivos do partido. O P.R.N. defendia valores predominantemente conservadores, o primeiro dos quais, a ordem, ao qual ficará sempre identificado. Pretendia ainda o fortalecimento do princípio da autoridade e do poder civil, a valorização do Império colonial, bem com a moralização administrativa do Estado. Fazia ainda parte do seu programa a exaltação do culto das virtudes nacionais, a manutenção da unidade moral da Nação, o civismo, a disciplina, a coesão da família, e o direito da propriedade privada. Advogava uma aproximação e um novo relacionamento com a Igreja Católica. O movimento do 28 de Maio de 1926 foi bem acolhido pelo P.R.N. eborense, dado que permitiu terminar com a «Ditadura do Partido Democrático». No entanto, dado que os seus membros não ascenderam ao poder e se multiplicaram as acções de repressão das liberdades públicas vão colocar-se progressivamente contra a Ditadura Militar. Após o movimento revolucionário de Fevereiro de 1927 foram dissolvidas várias unidades do exército e da G.N.R. e encerrados alguns centros políticos e associações que estiveram envolvidos na insurreição. Em Évora foi encerrada a sede do Centro Republicano Esquerdista no dia 25 de Fevereiro de 1927. O Centro Republicano Nacionalista continuou a funcionar, no entanto, a maioria dos sócios foi abandonando este espaço político, uns por não pagarem a cota, outros por medo do Ditadura. No início de 1928 só restavam 40 sócios dos 330 que ao longo dos anos tinham ingressado neste espaço de sociabilidade. Os lavradores e proprietários abandonaram maciçamente o centro nacionalista, possivelmente por encontrarem no novo regime resposta às suas antigas reivindicações. O Centro Republicano Nacionalista Eborense acabaria por se extinguir em 1928 devido à falta de mobilização. No entanto, continuou a funcionar como Centro Republicano até 1930, desenvolvendo algumas actividades de «conjunção» com as restantes forças republicanas da cidade. Durante as comemorações do 5 de Outubro realizavam-se reuniões no Centro, bem como romagens ao cemitério para enaltecer as figuras republicanas eborenses já desaparecidas e distribuía-se um bodo pelos pobres republicanos.
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Entre 1923 e 1926 os membros do P.R.N. lideraram os principais cargos do Senado Municipal e da Comissão Executiva da Câmara Municipal de Évora. Parte deste sucesso deveu-se ao papel dinamizador do seu centro político que se formou nos primeiro dias de Março de 1923. O Centro Republicano Nacionalista Eborense era um dos principais pólos de sociabilidade política da cidade, possuindo uma composição sócio-profissional heterogénea, embora predominassem os funcionários públicos e trabalhadores das artes e ofícios. No entanto, proprietários e lavradores, comerciantes e trabalhadores rurais também tinham uma presença significativa. Ao nível da elite dirigente local o P.R.N. ia também ao encontro do seu discurso ideológico de partido interclassista, já que todos os grupos sociais estavam representados nas suas comissões políticas. 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O movimento do 28 de Maio de 1926 foi bem acolhido pelo P.R.N. eborense, dado que permitiu terminar com a «Ditadura do Partido Democrático». No entanto, dado que os seus membros não ascenderam ao poder e se multiplicaram as acções de repressão das liberdades públicas vão colocar-se progressivamente contra a Ditadura Militar. Após o movimento revolucionário de Fevereiro de 1927 foram dissolvidas várias unidades do exército e da G.N.R. e encerrados alguns centros políticos e associações que estiveram envolvidos na insurreição. Em Évora foi encerrada a sede do Centro Republicano Esquerdista no dia 25 de Fevereiro de 1927. O Centro Republicano Nacionalista continuou a funcionar, no entanto, a maioria dos sócios foi abandonando este espaço político, uns por não pagarem a cota, outros por medo do Ditadura. No início de 1928 só restavam 40 sócios dos 330 que ao longo dos anos tinham ingressado neste espaço de sociabilidade. Os lavradores e proprietários abandonaram maciçamente o centro nacionalista, possivelmente por encontrarem no novo regime resposta às suas antigas reivindicações. O Centro Republicano Nacionalista Eborense acabaria por se extinguir em 1928 devido à falta de mobilização. No entanto, continuou a funcionar como Centro Republicano até 1930, desenvolvendo algumas actividades de «conjunção» com as restantes forças republicanas da cidade. Durante as comemorações do 5 de Outubro realizavam-se reuniões no Centro, bem como romagens ao cemitério para enaltecer as figuras republicanas eborenses já desaparecidas e distribuía-se um bodo pelos pobres republicanos.A Cidade de Évora2014-10-23T17:01:35Z2014-10-232001-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttp://hdl.handle.net/10174/11659http://hdl.handle.net/10174/11659porManuel Baiôa, «O Partido Republicano Nacionalista em Évora (1923-1928)», A Cidade de Évora, II Série, n.º 5, 2001, pp. 231-2490871-1992mbaioa@uevora.pt733Baiôa, Manuelinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2024-01-03T18:55:34Zoai:dspace.uevora.pt:10174/11659Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-28T12:02:36.235782Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse
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