Interpretação do Espaço Guarani: um estudo de caso no sul da bacia hidrográfica do Rio Forqueta, Rio Grande do Sul, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Schneider, Fernanda lattes
Orientador(a): Machado, Neli Teresinha Galarce lattes
Banca de defesa: Machado, Neli Teresinha Galarce, Jasper, André, Stülp, Simone, Santi, Juliana Rossato, Hilbert, Klaus Peter Kristian
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PPGAD;Ambiente e Desenvolvimento
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
CB
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10737/724
Resumo: Os estudos acerca das populações Guarani pré-coloniais têm indicado que esses são vinculados aos povos falantes do Tupi-Guarani, com gênese cultural em algum lugar do território amazônico, apresentando ampla dispersão espacial e uma longa duração temporal. Dessa forma, ocuparam uma considerável parcela do território que hoje se configura como Brasil, parte da Bolívia, do Paraguai, do Uruguai e da Argentina, deixando marcas significativas de sua cultura material e organização social nos territórios passados. Dentre os territórios abarcados, os Guarani ocuparam as planícies florestadas da porção sul da Bacia Hidrográfica do Rio Forqueta, Rio Grande do Sul, Brasil, no início do século XIV. Com vistas a compreender de forma mais detalhada as relações de apropriação espacial dessas populações no contexto supracitado, elaborou-se um estudo de caso no sítio arqueológico RS-T-114, na margem direita do Rio Forqueta, relacionando três perspectivas de compreensão do espaço: a dinâmica temporal; organização dos espaços da aldeia e a apropriação do “espaço verde” da área ocupada. Para a reflexão, articularam-se dados de campo obtidos para o sítio (datas radiocarbônicas, decapagem de um núcleo de solo antropogênico, plotagem de vestígios, análise da cultura material e análise de vestígios botânicos). Como resultado, a primeira perspectiva apresentou uma longa e contínua ocupação do espaço de até 340 anos; a segunda perspectiva demonstrou áreas de atividades distintas, assim como estruturas arqueológicas específicas: estruturas de descarte, estruturas arquitetônicas e estruturas de combustão, indicando intensas relações sociais; e, por fim, a última perspectiva demonstrou a possibilidade de recuperação de microvestígios botânicos, como grãos de amido e fitólitos no contexto do sítio, possibilitando, em conjunto com vestígios carbonizados, uma breve discussão acerca da apropriação de recursos florísticos. Concluiu-se que o sítio apresentou uma longa, contínua e intensa ocupação Guarani. Como explicação para essa dinâmica complexa, sugeriu-se que a apropriação das parcelas florestadas não tenha sido passiva, em uma relação de dependência. Pelo contrário, inferiu-se que houve uma apropriação criativa dessa parcela do espaço, pautada no manejo e na criação de áreas artificiais.