Compadrio, parentesco e família: escravizados, libertos e livres na paróquia de São José de Taquari/Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pires, Karen Daniela lattes
Orientador(a): Machado, Neli Teresinha Galarce lattes
Banca de defesa: Magalhães, Magna Lima, Pinheiro, Fernanda Storck, Diedrich, Melissa Heberle
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PPGAD;Ambiente e Desenvolvimento
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
CB
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10737/2960
Resumo: O Brasil tem uma história marcada pela escravidão do povo negro nas mais diversas regiões do país. Escolhemos um recorte espacial nesta pesquisa para falar desse escravismo; ou seja, o território de Taquari nos séculos XVIII e XIX, num espaço fundado por interesses portugueses. Foi neste contexto de dominação de terras que houve a inserção da mão de obra escravizada, que com o passar do tempo se intensificou e perdurou até o ano da abolição, em 1888. Incluso ao tema escravismo, detivemo-nos nas relações sociais e familiares praticadas no cotidiano das propriedades escravistas em Taquari. O tema escravismo, selecionado para esta tese, é foco especial para a área das Ciências Ambientais, a qual promove a visão integrada das questões socioambientais, em suas perspectivas históricas, econômicas, sociais e ecológicas. Pressupõe-se, por meio do desenvolvimento de análises históricas, as quais podem ser do tempo recente ou no caso, da história do século XIX, que a promoção para a consciência social dos direitos individuais e coletivos são condições necessárias para que ocorra a superação da dependência social e da dominação política. Neste estudo, a conexão da história e das ciências ambientais envolve como pano de fundo modelos de desenvolvimento que marginalizaram os grupos humanos descendentes desse processo. Almeja-se que esta tese possa ser mais uma ferramenta para promover um melhor índice de desenvolvimento humano sustentável e a possibilidade de realização plena dos direitos individuais e coletivos dos herdeiros desse terrível contexto de relações de trabalho da nação brasileira. A utilização deste tipo de estudo pode ser direcionada para os planos de desenvolvimento da redução das desigualdades sociais, para melhorar a falta de informação científica adequada e para sustentar o aumento das próprias capacidades de grupos sociais descendentes. De forma geral e científica, o objetivo acadêmico desta tese foi analisar a formação dos laços de compadrio e a constituição da família negra escravizada, livre e liberta na Paróquia de São José de Taquari, entre os anos de 1787 e 1850. Metodologicamente se fez uso do método onomástico e da micro-história. Os resultados demonstraram redes formadas a partir dos batismos de escravizados adultos com o apadrinhamento feito por pessoas nas condições de escravizados, forros e livres. Nos batizados dos inocentes identificamos, assim como, para os adultos, laços de parentesco fictício formados entre pais, filhos e padrinhos. As mães dos chamados filhos naturais buscaram por padrinhos e madrinhas que estavam na condição social de libertos e livres. Os laços de compadrio se estenderam para fora das propriedades, o que demonstrou uma rede de parentesco extensa. Diferentemente dos filhos naturais, os batizados dos filhos legítimos formaram laços maiores com escravizados. A análise dos matrimônios apontou um baixo índice de uniões legitimadas entre os escravizados de Taquari; logo, a maioria das relações foram consensuais. As uniões matrimoniais foram realizadas, sobretudo, entre nubentes de mesma origem e estatuto jurídico. A pesquisa, de forma geral, buscou mostrar as 8 relações de parentesco e a formação da família negra a partir dos registros paroquiais, bem como a capacidade de articulação e estratégia desses indivíduos na antiga Taquari.