A exposição “Vestidos em Arte: os Nus nos Acervos Públicos de Curitiba” e a incidência de ofensivas conservadoras, difundidas por meio das redes sociais digitais (2017-2021)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Nobrega, Ana Carolina Mendes Cerqueira lattes
Orientador(a): Corrêa, Ronaldo de Oliveira lattes
Banca de defesa: Silveira, Luciana Martha lattes, Alves, Ricardo Henrique Ayres lattes, Corrêa, Ronaldo de Oliveira lattes, Batista, Stephanie Dahn lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/30228
Resumo: Esta pesquisa apresenta a exposição Vestidos em Arte: os nus nos acervos públicos de Curitiba, realizada no Museu Oscar Niemeyer – MON, na Cidade de Curitiba entre 14 de julho de 2017 a 25 de março de 2018, tendo como objetivo principal identificar como e por quem as ofensivas conservadoras contra a exposição, materializadas em filmagens e postagens com conteúdo falso, foram difundidas por meio de redes sociais digitais. É importante frisar que, a data concilia com o período obscuro em que se intensificaram no Brasil diversos ataques de intolerância, perseguições e tentativas de censura contra as artes plásticas e cênicas, principalmente das que tinham conteúdos de nudez ou que abarcavam questões de identidade de gênero. Vestidos em Arte foi acusada de promoção de “ideologia de gênero”, termo factoide aplicado para deslegitimar identidades que desviam dos padrões heteronormativos e usado como pauta recorrente dos movimentos antigênero, que se unem sob a mesma bandeira, simpatizantes conservadores religiosos de diferentes crenças e de pleito eleitoral partidário em defesa da moral e dos bons costumes. O período estabelecido de análise das ofensivas, se deu a partir da data de publicação das postagens encontradas nas redes sociais, que foram difundidas de 2018 até o ano de 2021. Para tanto, foi adotada a pesquisa de estudo de caso como metodologia a partir da abordagem qualitativa-quantitativa. O percurso metodológico contou com a coleta de mensagens ofensivas compartilhadas nas redes sociais, com objetivo de identificar, relatar e analisar como foram difundidas as imagens da exposição sob os traços reacionários dos conservadores. Foram também catalogadas em uma planilha criada pela autora, com base no Observatório de Censura a Arte – Nonada Jornalismo e da Hemeroteca da Obcom-USP. Foi realizada análise de dados da exposição a partir do acervo digital disponibilizado pela curadora Stephanie Dahn Batista e análise do Caderno de Memórias da exposição no acervo do MON para identificação das obras e dos processos expositivos. Foram conduzidas entrevistas com o corpo curatorial, e com os artistas Rodrigo Braga, Alexis Azevedo de Morais e Geraldo Leão que tiveram suas obras envolvidas nas ofensivas, com a finalidade de realizar a interlocução entre esses pares. Tendo em vista que, a produção artística presente na exposição estava relacionada às questões de gênero, identidade e sexualidade, nesta pesquisa, os termos foram aplicados a partir das perspectivas dos estudos feministas, com o intuito de sinalizar as marcas inferidas por meio dos discursos antigênero. Dos 99 trabalhos expostos, 10 obras apareceram nos ataques, e foram articuladas com maior ênfase na dissertação, para que a leitora e leitor pudessem refletir a respeito dos ataques censores traçados pela pós-censura e fomentados pelos conservadores. Foram apuradas mais de 64 publicações diretas, onze mil reações, quatro mil compartilhamentos e duzentas e trinta e duas mil visualizações, de postagens ofensivas nas redes sociais. A tática desse movimento cerceador, no caso dos ataques contra Vestidos em Arte, falhou, em não conseguirem fechar a exposição, porém, outros objetivos foram alcançados. Conclui-se que, o que ocorreu em Curitiba, foi uma tentativa de se replicar a mesma comoção e repercussão midiática que ocorreu em 2017, contra a “Queermuseu” e a performance “La Bête”, ataques de caráter político eleitoreiro de bancadas religiosas para a autopromoção dos praticantes das ofensivas conservadoras.