Controle, Sequestro e Sedução da Subjetividade no Sistema ONA da Qualidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Cioli, Rejane lattes
Orientador(a): Meneghett, Francis Kanashiro lattes
Banca de defesa: Tonon, Leonardo, Fanini, Angela Maria Rubel, Ragnini, Eliane Cristina Schmit, Meneghetti, Francis Kanashiro
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/3110
Resumo: A presente pesquisa teve como objeto de investigação crítica compreender como os discursos e as práticas de gestão da qualidade, instituídas pelo respectivo sistema da Organização Nacional de Acreditação (ONA), podem resultar na criação de sofisticados mecanismos de controle da subjetividade dos gestores e das relações de trabalho, conforme praticado, na atualidade, pelas organizações hospitalares. Esses instrumentos, utilizados para intensificar e explorar a produção de serviços e seus trabalhadores, vêm acompanhando as mudanças ocorridas nessa área e desenvolvendo estruturas cada vez mais aprimoradas de controle, sobretudo, em decorrência da conexão das tecnologias de gestão ao modo flexível de produção. Ao investirem em estratégias de gestão, essas organizações transpõem o domínio dos aspectos físicos dos trabalhadores, atingindo, além do seu corpo, sua mente e suas emoções, para garantir, de forma cada vez mais sutil, sua docilização e submissão voluntária aos interesses e ideologias organizacionais. O controle da subjetividade, em suas instâncias ocultas e manifestas, vem contribuindo para intensificar a exploração do processo de trabalho e dos trabalhadores, possibilitando a apropriação da sua liberdade individual, a fim de submetê-los aos saberes, valores e ideologias organizacionais, e, assim, sequestrar seu mundo subjetivo. Os relatos dos gestores da qualidade, que atuam em hospitais acreditados com excelência pelo sistema ONA, no município de Curitiba/PR, foram obtidos em entrevistas semiestruturadas e submetidas à análise dialógica do discurso. Com base nessa pesquisa, foi possível identificar que as organizações pesquisadas se utilizam de estratégias de empoderamento, de reconhecimento, de participação e de satisfação profissional geradoras de sentimentos de orgulho, de colaboração, de parceria, de pertença e, em algumas situações, de encantamento e sedução dos gestores da qualidade. Elas agem também, por meio do discurso da excelência e da melhoria do desempenho da qualidade e dos mecanismos resultantes, para deter o controle e a subsunção voluntária dos gestores à ideologia e interesses próprios da organização e para sequestrar, em circunstâncias específicas, a subjetividade de seus trabalhadores. Ao se identificarem com os ideais da organização, mediante um processo de sedução e encantamento, os gestores da qualidade perdem a consciência do nível de comprometimento estabelecido e a capacidade de definir prioridade para si mesmo, efetivando, inconscientemente, o sequestro de sua subjetividade e favorecendo a exploração do seu trabalho. Finalmente, verificou-se que, conhecer as contradições do sistema da qualidade, possibilita aos seus gestores assumirem de forma consciente e voluntária as condições em que estão inseridos e, dessa forma, construir relações de trabalho mais justas e satisfatórias.