O devir-monstro em O Rosto de Um Outro, de Abe Kôbô
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/24349 |
Resumo: | Publicado originalmente em 1964, O rosto de um outro, romance de Abe Kôbô, narra a história de um homem que perdeu seu rosto em um acidente de trabalho. A partir de então, a deformidade, a angústia em não se sentir mais pertencente à sociedade e, principalmente, o conflito com sua esposa, levam-no a construir uma máscara a partir do rosto de um outro. Em um primeiro momento, o leitor é convidado a ver esta personagem “sem rosto” como uma figura monstruosa, amargurada e egoísta, isso porque ele registra em seus manuscritos os mais profundos e complexos sentimentos agressivamente. Embora a obra seja marcada pelo rosto, pela máscara e pelo duplo, esta pesquisa buscou destacar o devir-monstro, por entender que o romance oportuniza uma leitura necessária sobre o anômalo, sobre o outro. Entende-se o devir-monstro como uma percepção real do personagem, daquilo que ele sente. Um modo de escapar de uma forma limitadora de si. Em vista disso, o presente estudo teve como objetivo compreender como a “perda” do rosto levou este indivíduo a outras percepções, e assim entender este liame como gatilho para o devir e o duplo que vão surgindo a partir das confissões e relatos que a personagem deixa em manuscritos direcionados a sua esposa. Para compor a discussão e análise da obra, foram utilizados os pressupostos de FREUD (1919); RANK (1925); ROSSET (1976); DELEUZE e GUATTARI (1977, 1980); COURTINE e HAROCHE (1988); LE BRETON (1992, 2015); GIL (1994). Fundamentando-se nestes autores construiu-se uma leitura tendo como aporte teórico os conceitos de rosto, máscara, devir e duplo. Ainda dentro desta narrativa, este estudo abordou três outros aspectos: a importância da linguagem escrita na obra, as transtextualidades que assinalam uma riqueza narrativa e o “pacto fantasmático”. Este último retoma ao autor, quando a narrativa fictícia é assombrada por fantasmas reveladores do indivíduo, e este podendo ser o próprio Abe. A metodologia utilizada foi a pesquisa descritiva de cunho bibliográfico, com uma abordagem qualitativa. Como resultado, o trabalho apresenta um homem desterritorializado que manifesta um devir-monstro e protagoniza um duplo, reconhecidamente estimulado por uma sociedade de aparências e julgamentos. Um “discurso do monstro” que levou, então, a uma reflexão sobre uma sociedade das máscaras. |