A organização de movimentos sociais de expropriados nas trajetórias sociotécnicas de implantação de hidrelétricas no Brasil (1974-2016)
Ano de defesa: | 2016 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , , |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/2760 |
Resumo: | A tese tem como objetivo principal analisar como as populações atingidas pela implantação de hidrelétricas no Brasil têm se articulado e organizado nas trajetórias sociotécnicas que conduzem à concretização desses projetos. Para tanto, se estudarão as trajetórias de implantação de três casos, que conformam o período de 1974 a 2016: Itaipu, construída no rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai; Baixo Iguaçu, no rio Iguaçu, no estado do Paraná; e o complexo de Garabi e Panambi, projetado para o rio Uruguai, em trecho de fronteira entre Brasil e Argentina. A análise dos casos selecionados ocorreu a partir de ferramentas teórico-conceituais do campo de estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) – em especial da Sociologia da Tecnologia. A metodologia de trabalho é qualitativa e contou com pesquisa bibliográfica e documental, além de documentação produzida através de observações em pesquisa de campo e entrevistas orientadas pela metodologia da história oral de vida. Parte-se, portanto, de uma abordagem sociotécnica para a observação das dinâmicas de interação entre movimentos sociais, instituições políticas, empresas estatais e privadas e tecnologias. Por meio de uma análise descritiva e também voltada a compreender causalidades e explorar relações explicativas, buscou-se a identificação de padrões de interação entre as trajetórias sociotécnicas que constituem os casos analisados. Observou-se que na implantação da usina de Itaipu, caso que apresenta a primeira experiência de resistência organizada a esse tipo de projeto, os agricultores se organizaram a partir de espaços de troca de informação; incluíram solidariamente em suas reivindicações as demandas de todos os tipos de ocupações de terra, combatendo a estratégia patrimonialista e desagregadora da empresa e; colocaram suas demandas em pauta a partir de práticas como ocupações e acampamentos. Nos processos constituídos nas primeiras fases das trajetórias de Baixo Iguaçu, Garabi e Panambi, os movimentos de resistência conquistaram a suspensão dos projetos articulando experiências anteriores de organização política; o estabelecimento de alianças com setores da comunidade regional; a realização de práticas de resistência antes da fase de projeto básico; o desenvolvimento de práticas de resistência que impediam os trabalhos dos técnicos; e a pressão sobre o ator responsável pelos projetos, à época, a Eletrosul. Nas fases recentes das trajetórias, as conquistas se relacionam a práticas de resistência anteriores à fase de projeto básico, bem como à articulação dos componentes ambientais dos projetos. Concluiu-se, portanto, que ao longo das trajetórias houve o fortalecimento dos movimentos sociais, com acúmulo e transmissão de experiências, mas que dadas às características de estruturação do processo de implantação de hidrelétricas atuais, que não reservam momentos de participação para a sociedade nem garantias institucionais aos atingidos, a experiência de luta precisa ser retomada e atualizada a cada processo de implantação de hidrelétrica. |