O design de interiores como prótese de gênero: um estudo sobre a Casa Cor Paraná (1994-2017)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Zacar, Cláudia Regina Hasegawa lattes
Orientador(a): Santos, Marinês Ribeiro dos lattes
Banca de defesa: Guimarães, Ana Lúcia Santos Verdasca, Queluz, Marilda Lopes Pinheiro, Carvalho, Vânia Carneiro de, César, Maria Rita de Assis, Santos, Marinês Ribeiro dos
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/2976
Resumo: Neste trabalho tenho como objetivo investigar estratégias de objetificação de feminilidades e masculinidades por meio do design de interiores no contexto do Paraná recente, discutindo o caráter prostético das materialidades resultantes dessa prática. Para tanto, tomo como objeto de análise fotografias e textos de divulgação referentes a ambientes expostos na Casa Cor Paraná no período entre 1994 e 2017. A Casa Cor Paraná é uma mostra de arquitetura, design e paisagismo que ocorre anualmente em Curitiba, com o objetivo de fomentar relações entre o público consumidor de alta renda e profissionais e empresas do setor. Ao longo de sua trajetória, a mostra tem apresentado propostas de design de interiores que constroem ideias sobre formas de morar, sobre a família e sobre as relações de gênero. Para realizar as análises, adoto uma abordagem filiada aos Estudos Culturais e recorro a referências relacionadas aos estudos e pesquisas sobre a imagem. Parto de uma perspectiva interdisciplinar, tomando como base aportes teóricos dos Estudos de Gênero e dos Estudos da Cultura Material. Dialogo também com trabalhos desenvolvidos nas disciplinas de Design, Arquitetura, História, Antropologia e Sociologia. Procuro argumentar que os ambientes expostos na Casa Cor Paraná podem ser entendidos como próteses de gênero que objetificam posições de sujeito específicas. Com isso, tenho a intenção de explicitar o papel fundamental da tecnologia na construção de corpos e subjetividades marcadas pelo gênero, argumentado que as materialidades direcionam posturas, gestos e movimentos, e também influenciam interesses, atenções e afetos. Observo que a Casa Cor Paraná tem privilegiado um modelo de família nuclear, composta por um casal heterossexual e filhas/os, bem como um modelo de casa caracterizado pela alta especialização de cômodos e pela tripartição em áreas sociais, íntimas e de serviço. Esses modelos aparecem vinculados a feminilidades e masculinidades que, matizadas pela intersecção com outros marcadores sociais, tais como idade e profissão, em geral são constituídas dentro dos padrões normativos. Essas posições de sujeito são produzidas mediante estratégias como as de aplicação de referências à natureza, incorporação de elementos sóbrios ou alinhados às linguagens pop, futurista e high-tech, e uso de imagens do corpo como decoração. Além disso, feminilidades e masculinidades são constituídas, no contexto estudado, em associação com atividades e interesses específicos, como a prática de esportes, o cozinhar gourmet, o consumo de bebidas alcoólicas, as práticas artísticas e criativas ou ainda o projeto e consumo de artefatos como automóveis e joias. As estratégias identificadas revelam marcações em termos de classe social, sexualidade e raça/etnia e, ainda que em geral enquadradas nos padrões hegemônicos, permitem também observar deslocamentos que evidenciam o caráter contingencial do binarismo de gênero.