Livros literários infantis digitais interativos em formato de aplicativos: análise de práticas multiletradas na formação de leitores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Machado, Paulo Henrique lattes
Orientador(a): Remenche, Maria de Lourdes Rossi lattes
Banca de defesa: Matsuda, Alice Atsuko, Ferreira, Eliana Aparecida Galvão Ribeiro, Silveira, Ana Paula Pinheiro da
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/4224
Resumo: O presente estudo tem como objetivo analisar as práticas multiletradas mobilizadas pelos livros literários infantis digitais interativos em formato de aplicativos que contribuem para a formação do leitor literário na infância. Para tanto, delimitou-se como corpus de pesquisa três livros aplicativos do BolognaRagazzi Digital Award (Feira do Livro Infantil de Bolonha, Itália) no ano de 2016 – “Wuwu & Co.” (HELLE; SLOCINSKA, 2015), “Chomp” (NIEMANN, 2016) e “Goldilocks and Little Bear” (NOSY CROW, 2015) – e três do Prêmio Jabuti (Brasil) na categoria “Infantil Digital” nos anos de 2015 e 2016 – “Não, sim, talvez” (MATSUSHITA, 2014), “Flicts” (ZIRALDO, 2014) e “A trilha” (ASSE, 2014) –, que funcionam em diferentes dispositivos nos sistemas operacionais móveis iOS e/ou Android. Trata-se de pesquisa qualitativo-interpretativista (MINAYO, 2001; MOITA LOPES, 1996), baseada em uma abordagem exploratória (GIL, 2016), cujo arcabouço teóricometodológico ancora-se na concepção dialógica da linguagem, elaborada pelo Círculo de Bakhtin (VOLÓCHINOV, 2017), nos estudos dos multiletramentos (NEW LONDON GROUP, 2000; COPE; KALANTZIS, 2000, 2009a, 2009b), da leitura e da formação do leitor (JOUVE, 2002; RIBEIRO, 2011a; COSCARELLI, 2016; COSSON, 2016), do livro infantil digital (KIRCHOF, 2009, 2014, 2016; STICHNOTHE, 2014; YOKOTA; TEALE, 2014; GARCÍA-RODRÍGUEZ; GÓMEZ-DÍAS, 2016; SERAFINI; KACHORSKY; AGUILERA, 2016; MENEGAZZI, 2018), entre outros. Para a realização do estudo propõe-se uma matriz de análise, constituída por indicadores para apreciação do corpus, considerando as práticas multiletradas acionadas. Os elementos para composição da matriz percorrem a categorização dos livros aplicativos, os aspectos que mobilizam a leitura e o letramento literário multimodal, a multimodalidade textual e os recursos de interação, e os aspectos estruturais. A análise das seis obras selecionadas evidenciou que a leitura em ambientes digitais interativos caracteriza-se por ser mais complexa em função de envolver diferentes tipos de conhecimentos obtidos previamente, tais como os elementos que compõem os sistemas operacionais e de gerenciamento dos dispositivos móveis de interação. Nessas obras, a interatividade exige a performance e a agentividade do leitor para fazer ligações entre objetos distintos, possibilitando movimentação deliberada por meio do conteúdo de forma não linear. Constatou-se que a lógica de concepção do livro impresso a partir dos efeitos produzidos pelos registros verbovisuais em página dupla foi transposta diretamente para a tela digital, normalmente aparecendo em apenas uma página/tela, cabendo aos recursos de animação a tarefa de simulação dos efeitos característicos da tradicional virada de página, por intermédio do agenciamento. Mesmo assim, confirmou-se que a presença de múltiplas combinações multimodais nos livros aplicativos infantis, aliada à agentividade do leitor e às potencialidades das tecnologias digitais, exige maior interatividade por parte deste e aciona modos diferenciados de leitura que contribuem para a ampliação das possibilidades de produção de sentido.