Narrativas tecnológicas, desenraizamento e cultura de resistência: história oral de vida de famílias desapropriadas pela construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu
Ano de defesa: | 2011 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/27130 |
Resumo: | Esta dissertação teve por objetivo compreender as práticas, as representações e os significados construídos acerca do processo de implantação da usina hidrelétrica de Itaipu, no oeste do Paraná, nas décadas de 1970 e 1980, por agricultoras e agricultores que o vivenciaram por meio da desapropriação. O marco teórico que orientou o trabalho é constituído por vertentes da história social e do campo de estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade, traduzido na valorização das experiências dos sujeitos no processo de desenvolvimento tecnológico. A abordagem metodológica utilizada para a pesquisa de campo foi a história oral de vida e resultou no registro de onze entrevistas, que compõem uma história do cotidiano da desapropriação. A análise buscou trazer à tona a dimensão social presente e constituinte das entrevistas, valorizando respostas convergentes, sem esquecer-se de como cada indivíduo percebeu as mudanças. Sua realização ocorreu a partir dos temas verificados, organizados em três seções, que manifestam o destaque à narrativa enquanto construção que envolve experiência e memória e que carrega consigo representações, práticas sociais e individuais. Na primeira seção, “Narrativas tecnológicas”, foi analisado o papel de representações de tecnologia na construção de narrativas tecnológicas e na adoção de posturas celebrativas em torno da construção da usina por parte dos(as) colaboradores(as). Estas representações se relacionam com as narrativas hegemônicas sobre a construção de Itaipu, de modo que a análise da articulação entre as mesmas ocorreu por meio da incorporação de documentos (jornais, revistas, textos para programas de rádio) em que constam narrativas oficiais. A segunda seção, “Narrativas do desenraizamento”, analisou a construção de significados em torno da desapropriação. As narrativas apontaram a terra como elemento fundamental de um enraizamento social fortemente caracterizado por relações de vizinhança e parentesco. Os significados atribuídos a terra transcendem os modos de sobrevivência criados e conformam a projeção de sonhos e expectativas de vida. Na última seção deste capítulo de análise, denominada “Narrativas da resistência”, a resistência dos(as) desapropriados(as) foi destacada, tanto na forma organizada do Movimento Justiça e Terra, quanto no espaço privado, no caso das narrativas das mulheres. Foi observado que a religiosidade e as relações de solidariedade da comunidade foram empregadas na legitimação e sustentação da luta e que, na formação de uma cultura de resistência, os(as) colaboradores(as) perceberam que na construção da usina há relações de poder, escolhas econômicas e políticas, de modo que concepções de tecnologia caracterizadas pela neutralidade, determinismo e inexorabilidade passaram a ser questionadas. |