Fugere urbem et locus amoenus quaerere: uma análise ecocrítica de Marcovaldo ou As estações na cidade, de Italo Calvino
Ano de defesa: | 2018 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/3127 |
Resumo: | A presente pesquisa propôs a análise de todos os vinte contos que compõem a obra Marcovaldo ou As estações na cidade (2015 [1963]), de Italo Calvino. O foco das análises voltou-se para o protagonista, Marcovaldo, um trabalhador pobre e em permanente estado de desconforto com as mudanças ocorridas no contexto social pós-guerra, especialmente na Itália, no período de seu milagre econômico, que foi impulsionado pelo fim de medidas protecionistas na economia (GINSBORG, 2003). Ao tentar romper com esse cenário, buscando a beleza genuína da natureza, Marcovaldo vê-se experienciando situações que sempre o levam ao descontentamento, intrinsecamente ligado a um novo tipo de relação humana e social, construída a partir não somente da consolidação das sociedades capitalistas modernas, como igualmente da imposição de um padrão único de comportamento à sociedade — a mutação antropológica, como proposto por Pier Paolo Pasolini (1978, 1997). A pesquisa debruçou-se sobre o olhar Ecocrítico (GARRARD, 2006), despertado pela obra em questão, que sugere, a partir da Literatura (e da incorporação de outras áreas como a Sociologia, a Biologia, a Antropologia), o estudo da natureza, suas relações com a mulher e o homem e o refinamento da percepção acerca de questões ecológicas frágeis, captadas com mais afinco a partir da década de 1960 (PIGA; MANSANO, 2015), apesar de as mudanças de perspectiva sobre a sensibilidade em relação à natureza estarem em constante modificação principalmente desde o Iluminismo (THOMAS, 2010 [1983]). A esta pesquisa foram igualmente incorporados pressupostos da Ecosofia (GUATTARI, 2006 [1989]), que sugere um ressignificar de procedimentos e discursos hegemônicos advindos do sistema sócio-político-econômico capitalista. Para tanto, fez-se necessário, conjuntamente, compreender problemáticas concernentes à conjuntura ambiental do século XX e seu impacto sobre as classes menos favorecidas economicamente (BOFF, 1995), assim como assimilar os desdobramentos referentes ao ecologismo dos pobres (via econômica baseada na justiça social), preconizado por Joan Martínez Alier (2014 [2007]), tendo em vista a classe social à qual Marcovaldo pertence. Alicerçada nos princípios descritos, a esta pesquisa coube, portanto, analisar as interações de Marcovaldo e sua família com a natureza e suas possibilidades, suas modificações e incorporação a um efervescente mercado consumidor, com vistas a refletir sobre a crise ecológica (das três ecologias, conforme Guattari) e assinalar hipóteses de superação para a mesma, por meio da apologia de um convívio menos predatório do ser humano relativamente aos outros seres que ao seu lado coabitam na Terra. |