Os discursos sobre criptomoedas e blockchain na produção acadêmica brasileira: uma crítica à neutralidade da técnica e ao determinismo tecnológico
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , , , |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba |
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/30233 |
Resumo: | O desenvolvimento tecnológico muitas vezes é associado com desenvolvimento social. O entusiasmo com novas tecnologias e a crença de que estas transformam as relações sociais de maneira evolutiva e acumulativa chegam a assumir um caráter mítico, atribuindo à tecnologia uma capacidade quase mágica de modificar o mundo dos humanos. Por meio do determinismo tecnológico e da neutralidade da técnica, a tecnologia é despida de suas determinações sociais para ser compreendida em uma relação unilateral para com a sociedade. Com o surgimento do bitcoin, as criptomoedas, a blockchain e tecnologias relacionadas se tornaram um símbolo de um novo passo do desenvolvimento tecnológico para um mundo mais livre e democrático. Sendo elas inovações relevantes da atualidade, figuram a imagem de uma solução neutra, racional e objetiva para os problemas de cunho político e econômico. Visando identificar e discutir o determinismo tecnológico e a neutralidade da técnica nos discursos, esta pesquisa realizou uma análise dos Trabalhos de Conclusão de Curso da pós-graduação stricto sensu brasileira que tiveram como objeto principal o bitcoin, a blockchain e as criptomoedas. Para isso, a pesquisa utilizou aspectos teóricos e metodológicos do campo de estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) e do materialismo histórico-dialético. Após uma breve caracterização das produções, encontrou-se que a visão fetichizada da tecnologia é hegemônica nas produções. A discussão foi dividida em quatro momentos. O primeiro sobre o desenvolvimento tecnológico enquanto eficiência na sociedade da valorização do valor. No segundo, concentrou-se em como a tecnologia veste-se de neutralidade para modificar (ou reproduzir) as relações de poder na sociedade atual. O terceiro teve como foco o individualismo e suas expressões nos discursos, principalmente nos que versam sobre as criptomoedas. Por último, discute-se o caráter genérico e abstrato que as ideias de Estado e território assumem nas produções. Conclui-se que a perspectiva adotada sobre a tecnologia, no caso das criptomoedas, em grande parte, desconsidera o desenvolvimento tecnológico enquanto desenvolvimento das forças produtivas pois abstrai a relação de produção peculiar do capitalismo, onde os inventos técnicos são aplicados visando a maior taxa de extração de mais valor, e não a emancipação do trabalho explorado e aumento do tempo livre. Ressalta-se a necessidade de leituras críticas sobre o desenvolvimento tecnológico e questionamentos menos focados nas formas específicas as quais a tecnologia assume em seu trajeto e mais direcionados para as relações de poder e distribuição da propriedade privada. |