Maria Lacerda de Moura na Revista Estudios (1930-1936): anarquismo individualista e filosofia da natureza

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Lima, Nabylla Fiori de lattes
Orientador(a): Queluz, Gilson Leandro lattes
Banca de defesa: Amorim, Mário Lopes, Gruner, Clóvis Mendes, Santos, Patrícia Lessa dos, Queluz, Gilson Leandro
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Curitiba
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Tecnologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/1993
Resumo: Este trabalho apresenta uma análise dos artigos publicados pela pensadora brasileira Maria Lacerda de Moura na revista espanhola Estudios (1930-1936). Nestes artigos identificamos elementos para a constituição de uma filosofia unicista libertária da natureza, de onde vem o nosso objetivo de compreender a proposta desta autora, além das suas contribuições críticas à relação estabelecida entre natureza e humanidade na sociedade burguesa industrial. A imprensa foi instrumento privilegiado no final do século XIX para a organização do movimento anarquista bem como difusão de conhecimento e ideais e valores contraculturais à ideologia dominante. Visando a transformação social, editoriais de viés anarquista emergiram trazendo elementos críticos à sociedade vigente e atentos às descobertas científicas da época. Além da difusão do conhecimento, os libertários também questionavam o papel da classe científica e ressignificavam conhecimentos e conceitos a fim de transformá-los em instrumentos para a mudança revolucionária. Neste sentido, identificamos nos artigos publicados na Revista Estudios, ligada ao campo do anarco-individualismo espanhol, a construção de diversas filosofias da natureza com vistas à sociedade libertária. Neste período de fortalecimento a nível mundial dos Estados-nação após a Primeira Guerra Mundial e a ascensão dos Estados totalitários, os militantes e pensadores anarquistas questionavam o avanço tecnológico, a democracia e as instituições da sociedade burguesa. Nesta perspectiva, constituíam diferentes visões da natureza que se opunham à das classes dirigentes, base de um conhecimento científico normalizador e de uma sociedade de controle. Releituras críticas e emancipatórias de temas científicos tão diversos como a eugenia, o neomalthusianismo, o naturismo, a educação sexual, o vegetarianismo, o proteanismo, a plasmogenia, aliados ao combate anticlerical e a um pacifismo radical, baseavam a crítica libertária às políticas autoritárias exercidas pelos governos fascistas. A partir dos artigos da brasileira Maria Lacerda de Moura, publicados neste periódico entre os anos de 1930 e 1936, procuraremos demonstrar a constituição de saberes e de uma “ciência radical”, crítica à sociedade vigente e voltada para a construção de uma nova ética, de uma nova sociedade harmônica através da cooperação, educação, emancipação, avanço tecnológico e participação democrática direta. Na revista Estudios, Maria Lacerda de Moura constrói pontes ibero-americanas a fim de combater inimigos em comum e desativar quaisquer mecanismos de dominação. Neste caminho, a partir das resistências locais e cotidianas, a construção de uma filosofia unicista da natureza se faz evidente.