A visão anarquista de Maria Lacerda de Moura: interfaces entre a educação, a igreja católica e o fascismo na década de 1930

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Maurano, Tatiana Ranzani
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/255464
Resumo: O objetivo desta Tese em História da Educação, foi entender, segundo os escritos de Maria Lacerda de Moura, em seus livros publicados na década de 1930, quais os instrumentos e mecanismos utilizados por duas instituições, para manter o controle e a domesticação dos corpos e mentes. A primeira delas é a Igreja Católica (Clero), como representante de Deus na Terra, donos do código moral da sociedade, colocando a educação religiosa como única possibilidade de ensino para a salvação da população. A segunda são as instituições governamentais (Estado), na década de 1930, com seus governos autoritários, organizando e nacionalizando o país, dizendo trazer algo novo. Mas ambos têm como premissa a manutenção do Capital e, para isso, se utilizaram de diversos mecanismos de controle, na construção de uma sociedade sem equidade, que tolhe e controla a liberdade dos seres humanos. Dentro dessa lógica perversa de dominação, a educação é um dos principais instrumentos usados por essas instituições, segundo a autora. Os objetivos específicos dessa investigação foram analisar tais escritos, examinar o que Lacerda e outros anarquistas escreviam sobre educação na imprensa anarquista brasileira, na década de 1930, e compreender a concepção de Maria Lacerda de Moura sobre a importância da educação e do quanto a Igreja Católica e o fascismo a ela recorrem, como instrumento de manipulação do povo. Nada como um autodidata para compreender uma autodidata e, nesse sentido, a forma de pensar e questionar o status quo, de Maurício Tratenberg (2004), propiciou a compreensão exata sobre a metodologia da pesquisa. Conhecer a história de vida de Maria Lacerda de Moura, seus escritos e as pesquisas realizadas sobre seus diferentes temários foi crucial para se compreender a autora e verificar que não havia ainda investigações sobre sua obra, em relação à Educação, Igreja Católica e fascismo. Para compreender a concepção educacional, anticlerical, antifacista de Maria Lacerda de Moura sobre a educação e as interferências da Igreja Católica e do fascismo, na década de 1930, assim como de outros anarquistas sobre a educação, fez-se uma análise dos escritos de Maria Lacerda de Moura sobre educação, Igreja Católica e fascismo, na década de 1930, e o que outros anarquistas escreveram sobre educação, na imprensa anarquista brasileira, naquele período. Através dos livros de Maria Lacerda de Moura: Fascismo: filho dileto da Igreja e do Capital, Clero e fascismo: horda de embrutecedores! e Ferrer, o clero romano e a educação laica, e de alguns autores anarquistas que publicaram nos jornais A Lanterna – jornal de combate ao clericalismo e A Plebe – periódico libertário, procurou-se compreender a concepção anarquista sobre educação e a interferência da Igreja Católica e o fascismo, na década de 1930. Através das leituras análise e reflexão dos livros e jornais, pode-se entender essa tríade corruptora apresentada por Maria Lacerda de Moura e outros autores. Ao verificar que o clero e o fascismo não são os únicos responsáveis pelo “embotamento da forma de pensar”, a autora faz uma denúncia contra os intelectuais fascistas, chamando-os de “superelefantes” do fascismo, personagens de uma novela distópica de Han Ryner, autor de referência para ela. Além disso, outro termo muito empregado por ela era o “polvo clerical”, demonstrando dominação da religião católica sobre as instituições sociais. Pela análise dos jornais, pode-se constatar que é um termo utilizado por muitos autores anarquistas da época, como Xisto Leão, o qual se destaca pela concordância de ideias entre os autores. Mas Maria Lacerda de Moura também recebeu críticas de outros anarquistas, as quais são apresentadas, por se acreditar ser importante mostrar que o pensamento de Maria Lacerda de Moura não era uníssono.