Lipí­dios e isótopos estáveis como indicadores de investimento materno e estratégias nutricionais neonatais em raias viví­paras histotróficas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Rangel, Bianca de Sousa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41135/tde-01062018-092322/
Resumo: O objetivo do presente estudo foi investigar a estratégia nutricional neonatal das raias Rhinoptera bonasus e Rhinoptera brasiliensis, analisando suas interações tróficas e dependência do recurso materno durante as fases iniciais da vida. Lipídios, ácidos graxos (FA) e isótopos estáveis (SI) foram analisados em diferentes tecidos, como ferramentas para avaliar as alterações durante o crescimento em raias jovens-de-ano (YOY), divididas em dois grupos, YOY I (<=50 cm) e YOY II (50-70 cm). O registro de YOY em três anos consecutivos (2015, 2016 e 2017) e a permanência dos filhotes durante o ano, confirmam que a região de Bertioga é uma área de berçário para as espécies R. bonasus e possivelmente para R. brasiliensis. Em R. bonasus, as concentrações plasmáticas de triacilglicerol e &#946;ß-hidroxibutirato não diferiram entre YOY I e II. No entanto, a concentração plasmática de colesterol (CHOL) foi maior em YOY I quando comparado com YOY II. O perfil de FA foi similar no fígado, músculo e plasma de R. bonasus, com predomínio de FA polinsaturados (PUFA), seguidos por FA saturados (SFA) e monoinsaturados (MUFA). No músculo de R. bonasus ocorreu uma diminuição de DHA (ácido docosahexaenoico) e ARA (ácido araquidônico) e um aumento de EPA (ácido eicosapentaenoico) com o aumento do tamanho corporal, reduzindo a relação DHA/EPA (indicador de posição trófica). Diferenças na composição de FA do fígado e músculo entre R. bonasus e R. brasiliensis foram encontradas na somatória de SFA, MUFA e PUFA, sugerindo que as espécies apresentam diferentes dietas ou diferentes períodos de nascimento. Em R. bonasus os valores de &#948;15N diminuíram com o aumento do tamanho corpóreo, e os valores mais altos foram encontrados na nadadeira dorsal e hemácias (RBC) de YOY I comparados a YOY II. Em YOY I e II, o &#948;13C da nadadeira foi maior que nas RBC. Comparando-se as duas espécies, R. bonasus apresenta maior valor de &#948;15N e &#948;13C nas RBC que R. brasiliensis, indicando que particionam recursos alimentares, com diferentes níveis tróficos e/ou forrageiam em diferentes locais, apesar das duas espécies serem simpátricas na região de estudo. Esses dados combinados demonstram que estas raias investem significativamente nos jovens e, consequentemente, em melhores condições nutricionais no nascimento, pois os dados encontrados sugerem que filhotes não mostraram deficiência de FA essenciais (EFA), como observado em tubarões placentários. Valores elevados de CHOL, ARA e DHA em YOY I, e posterior redução com o aumento do tamanho corpóreo, sugere o uso destes substratos em processos metabólicos. Os dados sugerem ainda que animais maiores aumentam as habilidades de forrageamento, demonstradas pelo aumento plasmático de EFA, tais como EPA e DHA e uma diminuição de SFA em YOY II. Tais aspectos metabólicos ligados à estratégia nutricional neonatal são fundamentais para compreender os padrões de investimento materno e recursos energéticos necessários nas fases iniciais de vida de elasmobrânquios vivíparos