Aspectos metabólicos do ciclo reprodutivo de fêmeas de Potamotrygon amandae (Chondrichthyes: Myliobatiformes: Potamotrygonidae), em área de ocorrência não-natural (Reservatório de Jupiá, Ilha Solteira/

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Spada, Lucas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41135/tde-13092021-185148/
Resumo: As arraias da Ordem Myliobatiformes são consideradas vivíparas, não placentárias, histotróficas. Na fase intermediária da gestação os embriões recebem nutrientes do saco vitelino e histotrofo, sendo nutridos inicialmente pelo vitelo (lecitrofia) e, posteriormente, são alimentados por uma secreção da mucosa viliforme do útero da mãe, conhecido como trofonema, que é rica em lipídeos e proteínas de grande peso molecular. Este fluido uterino é conhecido como leite uterino, ainda pouco estudado. O objetivo deste trabalho foi investigar a dinâmica de armazenamento e alocação de substratos metabólicos ao longo do ciclo reprodutivo da espécie vivípara histotrófica Potamotrygon amandae em área de ocorrência não- natural, no reservatório de Jupiá, Ilha Solteira, SP. As coletas dos exemplares foram realizadas no reservatório da Usina Hidrelétrica Engenheiro Souza Dias Jupiá, Ilha Solteira-SP, entre os meses de janeiro a dezembro de 2018, com aferição de dados biométricos e ponderais das fêmeas. A análise dos dados ambientais permitiu a classificação do local de coleta em dois períodos bem marcados (chuvoso e seca). Os animais coletados foram anestesiados e eutanasiados, com posterior extração do tecido hepático, muscular, ovariano e uterino, e foram classificados de acordo com análise macroscópica dos ovários e presença de filhotes, em quatro estágios reprodutivos: repouso, vitelogênese, grávidas e imaturas. Posteriormente foram realizados cálculos dos índices hepatossomático e gonadossomático e mensuração da concentração de proteínas, lipídeos e glicogênio dos tecidos. A espécie apresenta estágio de repouso ocorrendo entre os meses de fevereiro a maio, vitelogênese nos meses de maio a novembro e gravidez entre os meses de novembro a março. O IHS mostrou maiores valores na seca, correspondendo à vitelogênese da espécie, mesmo padrão observado para IGS, que mostrou um pico no mês de agosto. Foi observada correlação positiva entre os dois índices, o que inviabiliza a hipótese de alocação entre os dois tecidos durante a vitelogênese. As proteínas hepáticas mostraram padrão de alocação tecidual, com aumento durante a vitelogênese e diminuição durante o período de gravidez, com útero e ovário mantendo concentrações estáveis deste substrato, o ápice da seca em julho parece ser um mês de prejuízo deste substrato, com menores valores para fígado, músculo e ovários, aparentemente fruto de escassez de recursos. Potamotrygon amandae, assim como outros elasmobrânquios apresentaram altas concentrações de lipídeos hepáticos; enquanto o tecido muscular apresenta valores ínfimos deste substrato, fruto da ausência de oxidação muscular deste substrato. A histotrofia lipídica foi demostrada pelas maiores concentrações de lipídeos nos meses correspondentes ao período de gravidez no tecido uterino, além das maiores porcentagens de SAT e MUFA neste período; nos meses de gravidez cerca de 90% da composição do tecido uterino (reflexo para a composição do leite uterino) são representados por SAT e MUFA; e a gliconeogênese e armazenamento de glicogênio parece ocorrer nos tecidos hepático e ovariano, enquanto o tecido muscular aparentemente realiza glicólise mais ativamente