Não apague o que você escreve: um estudo sobre a escrita de mulheres por meio da observação participante

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lazzarotto, Tatiana Carolina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100135/tde-20062023-153238/
Resumo: A escrita não está dissociada da experiência e das condições em que foi produzida, nem mesmo da vivência de quem escreve e de seu reconhecimento na sociedade. Na literatura brasileira canônica, o sujeito produtor de enunciados muitas vezes tem um perfil: homem, branco, heterossexual, de classe média. Frente a uma tradição secular que sustenta que mulher não escreve, somente é escrita, a literatura torna-se um espaço privilegiado de expressão. A partir daí, cabe questionar onde estão as mulheres escritoras que ainda não alcançaram o mercado editorial e como elas se articulam para afirmar seu espaço como produtoras de sentidos. Esta pesquisa busca analisar a importância de clubes de escrita exclusivamente voltados para mulheres, no contexto da literatura brasileira contemporânea. Para isso, realiza um estudo de caso do Clube da Escrita para Mulheres coletivo focado na produção de textos literários e discussão sobre as dificuldades no espaço formal da literatura na cidade de São Paulo. A metodologia utilizada é a da observação participante, realizada pela pesquisadora durante os encontros, além da distribuição de questionários para coleta de informações sobre as participantes. As relações entre Gênero, Estudos Culturais e Literatura são eixos temáticos abordados, além de teorias que versam sobre a interseccionalidade e feminismo decolonial. Uma das conclusões durante o acompanhamento das atividades do grupo é que, ao ter um público, ler em voz alta e receber um retorno quase imediato sobre o que produziu, as participantes do coletivo desenvolvem uma autoconfiança maior para se intitularem escritoras e coragem para assumir sua escrita inclusive em ambientes fora dali. O espaço reúne mulheres em diferentes etapas da vida, mas constatou-se uma presença maior de mulheres de 26 a 35 anos, funcionárias de empresas e que buscam redescobrir a escrita após um período de afastamento. O grupo disputa e questiona os ambientes formais da literatura, mas também tensiona esses espaços, criando seus respectivos mecanismos e as devidas articulações. A pesquisa também apresenta uma sugestão de metodologia criada para coleta de dados em coletivos exclusivos de escrita, a fim de estimular a produção de pesquisas neste sentido.