Impactos do transporte de aerossóis do deserto do Saara sobre o balanço de radiação sobre o Atlântico tropical e a Amazônia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Correa, Lucas Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/14/14133/tde-08072020-183610/
Resumo: Todos os anos, centenas de milhões de toneladas de areia são transportadas do deserto do Saara para outras regiões. Para a Amazônia este fenômeno ganhou notoriedade devido à sua importância do ponto de vista bioquímico, uma vez que, com a areia, são transportadas grandes quantidades de minerais que enriquecem o solo da floresta. Entretanto, o transporte de aerossóis do deserto do Saara para a Amazônia também é importante no que tange ao balanço radiativo do planeta, uma vez que os aerossóis em suspensão na atmosfera interagem com a radiação, afetando o saldo de radiação, especialmente no espectro solar. Nas últimas décadas diversos estudos investigaram o fenômeno desde o aspecto estrutural das plumas de aerossol até o aspecto radiativo. Neste estudo busca-se contribuir para os conhecimentos sobre este tema, destacando a importância da região de origem do aerossol no deserto do Saara e como evolui o impacto radiativo das plumas desde que elas deixam o continente africano. Para isso, foram utilizados dados de fluxos radiativos medidos em satélites e dados de propriedades ópticas de aerossol medidos em superfície, além de simulações numéricas. Os resultados mostram que, além da depressão de Bodélé, outra região entre o norte de Mali, Mauritânia e o sul da Argélia, também é importante fonte de aerossóis transportados para a Amazônia. Observou-se também que, devido às diferenças nas propriedades ópticas, os aerossóis de cada uma das origens têm eficiências de forçamento radiativo diferentes, com uma eficiência maior pelos aerossóis originários de Bodélé, tendo a eficiência diária de forçamento radiativo de -36 ± 4 W/(m² dia) na média dos meses calculados, contra -31 ± 4 W/(m² dia) dos aerossóis do norte de Mali, diferença estatisticamente significativa ao nível de significância de 5%. Com relação ao deslocamento das plumas, observou-se uma redução de até 10% (~3 W/m² dia) na eficiência diária de forçamento radiativo desde que as plumas deixam o continente africano (primeira etapa do transporte) até a região intermediária entre os dois continentes (segunda etapa do transporte), com uma projeção de diminuição de pelo menos 40% na eficiência para as plumas que chegam à Amazônia (terceira etapa do transporte). O estudo contribui para o conhecimento sobre os impactos radiativos dos aerossóis do deserto do Saara, sobre o transporte em si, e abre espaço para discussões sobre a tradução dos impactos radiativos em impactos termodinâmicos e dinâmicos na atmosfera, que refletem no tempo e no clima.