Juventude e universidade em \"As meninas\", de Lygia Fagundes Telles

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: França, Gabriel Vicente
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-11122019-171029/
Resumo: Este trabalho de História da Educação apresenta uma interpretação acerca da universidade e da juventude no final dos anos 1960 a partir da leitura do romance As Meninas, de Lygia Fagundes Telles. Orienta-se pela ideia de que, ao ficcionalizar três estudantes universitárias em plena Ditadura Militar, a autora forneceu pistas para a discussão sobre os projetos de formação em curso no período. Para tanto, entendeu-se a literatura como objeto revelador de tensões existentes na sociedade (CHARTIER, SEVCENKO), e a linguagem como material histórico para a discussão (BAKHTIN, VOLÓCHINOV). Isso se deu pois a análise das tensões discursivas produzidas pelo romance apontou elementos constituintes das disputas estabelecidas no período, em particular a partir da caracterização e das trajetórias narrativas de cada uma das personagens. Lorena, Lia e Ana Clara, as protagonistas deste romance caleidoscópico e polifônico, são representantes de um projeto de juventude que enxergava na universidade papel central para a ascensão social (CUNHA), ao mesmo tempo em que questionavam o próprio ordenamento universitário ao se constituírem como elementos estranhos a este meio: mulheres que desafiavam os papeis pré-estabelecidos para si ao ocuparem espaços até então majoritariamente masculinos. Concomitantemente, mobilizavam táticas (CERTEAU) que lhes permitiam produzir suas próprias trajetórias, interagindo com os discursos circulantes. Desta forma, essa análise nos permitiu enxergar os elementos do debate ideológico de então, tendo a universidade sido interpretada como local de possibilidades e de disputas no período estudado.